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Viagens literais e literárias pelo continente

Viajando atrás do Google Images

Por Thiago Momm
Atualização:

Outro dia lembrei disto que disse Alain de Botton: "Os anseios provocados pelo folheto eram um exemplo (...) de como projetos (e até mesmo vidas inteiras) podem ser influenciados pelas imagens mais simples e incontroversas da felicidade; de como uma viagem prolongada e dispendiosíssima poderia ser posta em andamento por nada mais que a visão da fotografia de uma palmeira a se inclinar levemente com uma brisa tropical. Decidi fazer uma viagem à ilha de Barbados." A passagem está em A arte de viajar (2000). De Botton tinha acabado de receber um folheto de Barbados chamado Sol de Inverno, com palmeiras inclinadas, mar turquesa e apelos afins. Hoje, o Google Images às vezes serve de folheto. Digo, claro que ele sozinho não define viagens, mas pode contar como oráculo. Em uma pesquisa de destinos nórdicos, lembro que ter digitado "Norway Fjords" me fez bater o martelo. Casas vermelho ocre abriam clareiras no sopé de montanhas pouco habitadas. Os reflexos na água duplicavam picos nevados. Barcos navegando canais estreitos, alongados e levemente serpenteados passavam por vilas à parte do mundo. Fui para Bergen, que com Tronsø e Stavanger são anunciadas como as principais bases de cidades ligadas aos fiordes. Lá, não vi algo exatamente como o que o Google me mostrava. Descobri que o voo até Bergen era o mais barato a partir de Oslo. Digo, "barato" é uma palavra sem equivalente em norueguês, um país onde um bar cobra R$ 96 por dois chopes 500 ml.

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O navio finalmente entrou em um afunilamento e navegamos até uma cidadezinha ao final do canal. Por definição, o fiorde tem um formato de U. O topo da letra é a chamada boca do fiorde, sua abertura para o mar, e agora estávamos no seu fundo. Ali foi o sentimento mais próximo do que é estar isolado na mescla interiorana e marítima norueguesa. Ficamos duas horas antes da volta de trem naquela serenidade. Mas foi inevitável lamentar duas coisas: 1) Havia um albergue na vila, e com um planejamento melhor dormiríamos mais noites ali que em Bergen; 2) Não só o trem chegava nesses lugares, os carros também. Uma viagem motorizada permitiria, além de explorar com calma todos os recantos, parando nos mirantes e vilas, visitar a região de Stavanger, também no sul da Noruega, onde ficam outros fiordes.  Eu pensara em alugar um carro, mas os preços do modelo básico partiam de mais de R$ 200 a diária. Na Suécia saíam pela metade, mas chegamos em um sábado à tarde em Oslo e as lojas mais próximas depois da fronteira sueca estavam fechadas. No trem, na volta, tivemos algumas vistas como esta abaixo.

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