Varoufakis - o deus grego que era ministro da Fazenda - se demitiu passado algumas horas, e parecia que estava dado o primeiro sinal de que agora o governo grego queria chegar a acordo com os credores. Quem sucedeu a Varoufakis foi o ponderado Euclid Tsakalotos, que todo o mundo conhece porque ele coordenou o grupo de negociação grego.
Problema? Essa terça-feira o Eurogrupo - que reúne os ministros das Fazenda da zona euro - aconteceu, mas parece que Tsakalotos não entregou proposta alguma. A informação ainda precisa ser confirmada, mas se for verdade, é um saco.
Primeiro, porque significa que os gregos não mudaram coisa alguma na sua atitude, apesar de terem tido nervos de aço e uma coragem incrível ao avançar com o referendo de Domingo. Depois, porque Alexis Tsipras, o premiê grego, pediu de manhã um empréstimo de 7 biliões de euros (qualquer coisa como 20 biliões de reais) durante as próximas 48 horas.
É que na Grécia as fábricas já estão fechando por falta de matéria-prima e os hotéis estão ficando sem alimentos devido ao apertado controlo de capitais que foi implementado semana passada e que não permite que sejam sacados mais do que 60 euros (180 reais, mais câmbio menos câmbio) por pessoa. Fontes do governo da Grécia estão dizendo que não tem jeito: os bancos vão continuar fechados até haver dinheiro. A grande questão é quando esse dinheiro vai chegar, e de que forma. Porque se Tsakalotos efetivamente não entregou uma proposta essa manhã, algo me diz que os deuses do Eurogrupo vão, efetivamente, enlouquecer.
Enquanto isso, aqui em Lisboa, a gente vai assistindo de longe, comendo pipoca e rezando para que os juros sobre a dívida nacional pare de subir - hoje já aliviaram um pouco, mas continuam acima de 3% nas Obrigações a dez anos. Também seria legal que as bolsas parassem de cair e que o medo de uma potencial falência grega não nos preocupasse. Vamos ver.