Eu, na verdade, estava dentro de um avião, voltando a terras lusas, mas soube que o Benfica tinha vencido essa. Sou uma fã moderada de futebol, e me alegrei com um sorriso, como benfiquista moderada. Mas aí cheguei em Portugal e vi que já havia uma história bem mais grave correndo. No final do jogo, em Guimarães - uma cidade no norte do país - um oficial da Polícia de Segurança Pública (PSP) agrediu violentamente um adepto de 43 anos que tinha levado os filhos a ver o jogo.
Nesse tempo em que a internet não perdoa, o vídeo correu o país em minutos e o mundo em alguns dias. Essa quarta-feira o agredido já estava dando entrevistas para agências internacionais sobre aquilo que está sendo chamado de violência policial. O Ministério Público abriu inquéritos para averiguar os fatos, mas a verdade é que ninguém conseguiu entender o que aconteceu.
Por um lado o policial diz que o cara cuspiu na cara dele e o agrediu verbalmente - não é desculpa, vai! Por outro, o agredido garante que isso nunca aconteceu, e que apenas estava explicando que queria sair do estádio com as crianças. As forças policiais prenderam o adepto bem na cara do filho, criança, dele.
E aí nova imagem correu o país: a de um outro policial abraçando a criança e tentando que ela não visse a detenção e a agressão - restaurada a fé na humanidade!!
Uma onda de indignação está agitando o país: afinal, as forças policiais existem para nos defender. Mesmo que sejam agredidos verbalmente, mesmo que estejam cansados, mesmo que alguém cuspa na cara deles, não há qualquer razão para a força e brutalidade que foi usada contra aquele homem. Aliás, eles são treinados para não reagir.
Por outro lado, um cara não é o espelho de toda uma classe. Deve ser punido pela atitude, mas não tem como passar os dias dizendo que todos os policiais são horríveis. Ou melhor: é preciso fazer uma averiguação clara sobre se esse caso é tão isolado como parece ou se é recorrente. Se for recorrente, temos que tomar uma atitude e evitar que os nossos policiais sejam tão autoritários e sem noção quanto os de um país ditatorial. Se não for, é preciso punir severamente esse cara - que ainda não foi suspenso de funções - e entender o que aconteceu, na realidade. A gente sempre acredita que os policiais nos defenderão até à morte, mas essa imagem está cada vez mais destruída.Talvez porque essas agressões sejam mais recorrentes, ou talvez porque são mais denunciadas - quem tinha smartphone para fotografar e filmar tudo há uns anos?
Seja como for, a alegria do futebol foi suplantada por esse caso, grave, que precisa ser resolvido o quanto antes para que todos voltemos a ir com alguma tranquilidade para eventos esportivos como o desse Domingo.E para que voltemos a confiar em quem tem o dever de nos proteger acima de tudo.