Esse estudo foi feito com recurso a entrevistas a 2.500 jovens portugueses, com idades entre os 12 e os 18 anos e conduzido pela União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), que desde 2009 estuda e elabora inquéritos sobre a violência no namoro.
Entre os ouvidos, 5% assumiram que havia violência física nas suas relações, sendo que 4,5% assumiram violência sexual. E eu não sei se hei-de ficar feliz por pelo menos as pessoas já assumirem que existe violência ou muito triste porque ela ainda acontece de forma tão recorrente.
Numa altura em que alegadamente estamos educando a geração mais bem formada do planeta, essas respostas dignas de troglodita me deixam absolutamente nauseada. Números de Abril do ano passado revelavam que as autoridades portuguesas receberam mais de quatro queixas diárias por violência no namoro em meio escolar, o que significou um aumento de 50% entre os anos 2013 e 2014. Em 2015 morreram 40 mulheres devido a crimes de violência doméstica - 122 crianças foram deixadas órfã. Os registos mostram ainda que 46 outras mulheres conseguiram escapar a tentativas de homicídio por parte dos companheiros. E apesar de a violência doméstica não ser somente provocada sobre as mulheres, é certo que elas são o elemento mais fraco na maioria das relações.
Em 2013, a lei portuguesa passou a considerar crime de violência doméstica as agressões entre namorados e entre ex-namorados, ao contrário do que acontecia até aqui. Em Portugal, violência doméstica é considerada crime público, o que significa que qualquer pessoa pode fazer uma participação válida às autoridades - a medida tenta contornar o fato de muitas vezes as vítimas não terem coragem de o fazer.
Vamos fazer a nossa parte, gente, e educar crianças que se tornem adultos que respeitem as pessoas com quem estão. Chega de criar monstros, chega de desculpar os homens que acham que mandam nas mulheres; chega de achar natural que as pessoas se agridam e falem grosso umas para as outras. Da agressão verbal à física é um pulo e daí à morte é outro bem mais pequeno. Vamos focar-nos nisto? Por favor? É que o mundo está se tornando num lugar muito feio para viver!
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