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Como não ser barrado na imigração

Atualizado em 23 de setembro, às 20:15

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Por Monica Nobrega
Atualização:
Europavetou a entradade 883 brasileiros de janeiroa março, maior índice em 5 anos Foto: Mihai Barbu/Reuters

O medo de ser barrado pelos agentes de imigração na Europa e nos Estados Unidos parecia ter se tornado coisa do passado. Mas está de volta à lista de preocupações dos viajantes brasileiros depois da recente série de episódios de adolescentes barradas em aeroportos americanos e encaminhadas a abrigos para menores de idade. Somado a isso, a União Europeia impediu a entrada de 883 brasileiros nos países que a compõem entre janeiro e março deste ano. Foi o maior índice dos últimos cinco anos. A UE já estuda um sistema de controle de entrada de turistas para países que não exigem visto, como o Brasil.

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A verdade é que nada garante que não vai acontecer com você. Compreender o problema, no entanto, pode ajudar a não cometer erros na preparação da viagem e a adotar a postura adequada no cara a cara com o oficial de fronteira.

Na Europa, a recusa à entrada de brasileiros aumentou como consequência do mau momento econômico pelo qual passa o País, e também do endurecimento da política migratória do continente. "A imigração é política", afirma a advogada Ingrid Baracchini, especializada no tema. "Sírios, por exemplo, eram muito bem-vindos à Europa antes da crise humanitária atual."

Nos Estados Unidos, o número divulgado mais recente de recusa de brasileiros pelos agentes de imigração é de 2014: 873 viajantes não puderam entrar, segundo um alto representante da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, em um universo de 2 milhões de brasileiros admitidos como visitantes nos Estados Unidos naquele ano, ainda de acordo com a fonte. Nos casos que ganharam destaque recentemente, das menores de idade brasileiras recentemente barradas, Anna Beatriz Theophilo Dutra, Anna Stéfane Radeck e Liliana Matte, todas de 17 anos, as autoridades americanas não dão informações sobre o motivo da não aceitação.

Segundo a advogada Regina Machado, que atua na área de direito internacional e prevenção ao tráfico humano, menores de idade desacompanhados só são admitidos nos Estados Unidos em situações pontuais e mediante autorização especial. "Apenas em casos de morte ou doença em que fique comprovado que a presença do adolescente é indispensável", afirma. No caso das excursões, as próprias agências de viagens organizadoras seriam as responsáveis e cuidariam dos trâmites.

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O governo dos Estados Unidos negou essa informação e também não confirmou a necessidade ou mesmo a existência de uma autorização especial para menores desacompanhados.

A seguir, veja dicas para reduzir o risco de ser barrado na imigração:

1. Documentos em (absoluta) ordem Nos EUA, passaporte válido até o último dia no país, passagem de volta, reserva de hospedagem (ou carta-convite de amigo ou parente) e visto. Na Europa, o passaporte deve valer por 3 meses após o término da viagem.

2. Atenção a crianças e adolescentes Segundo a advogada Regina Machado, menores viajando aos Estados Unidos sem a companhia de um responsável legal teriam de pedir uma autorização especial ao consulado. A Embaixada dos Estados Unidos no Brasil negou a afirmação e disse que a autorização não teria utilidade para os agentes do serviço de fronteiras. Ter todos os documentos em ordem, especialmente o visto adequado ao propósito da viagem, é a orientação principal do órgão (leia abaixo).

3. Visto adequado Há 19 tipos de vistos dos Estados Unidos. Turistas em geral usam o B1/B2; intercambistas e au pairs, o J1. Certifique-se de que seu visto está adequado ao propósito da viagem. Se não, será preciso tirar outro: bit.ly/tipovisa. Leia orientações sobre o processo do visto aqui.

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4. Dinheiro na mão Ou no cartão de crédito, ou no cartão pré-pago. "Ninguém espera que você tenha muito dinheiro em espécie", diz Ingrid Baracchini. Mas algum quantia para os primeiros gastos é, sim, importante mostrar.

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5. Seguro, sempre Os países europeus do Acordo de Schengen (bit.ly/ueschengen) exigem seguro com cobertura mínima de 30 mil euros. Nos Estados Unidos não é obrigatório, mas recomendado, pelo custo alto dos serviços de saúde.

Quem paga a passagem de volta? Sim, pode parecer injusto, mas a resposta, na maioria dos casos, é: o próprio turista cuja entrada em algum país estrangeiro foi negada. Caso o viajante tenha saído de casa com tudo em ordem, provavelmente terá apenas de antecipar a data da passagem de volta que já estava comprada (e pagar eventuais taxas de remarcação).

Quando o visitante não tem a passagem de volta e é considerado um risco iminente pelas autoridades do país que recusou sua entrada, o governo do país de destino pode pagar a passagem e cobrá-la posteriormente do deportado. "Portugal deporta sem cobrar, em vários casos", diz a advogada Regina Machado.

"Nos Estados Unidos, se você aceita a remoção (ou seja, se retira o pedido de entrada no país), é você quem paga a passagem de volta", explica a advogada Ingrid Baracchini."Ou seja, se você chegar ao aeroporto e não concederem sua entrada, você pode assinar a remoção e voltar ao seu país de origem. Caso contrário, será preso e levado à corte, ao juiz imigratório."

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No caso dos menores de idade brasileiros, segundo a Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, a retirada do pedido de entrada no país não é permitida por determinação das leis internacionais de proteção contra o tráfico de seres humanos. E aí, não tem jeito: o adolescente será encaminhado a um abrigo, onde ficará preso e terá de esperar a decisão de um juiz de imigração para voltar ao País. O juiz decide inclusive se o menor pode voltar sozinho ou se deverá esperar que um responsável possa ir buscá-lo. Questionada, a Embaixada não informou um prazo para a conclusão do processo de remoção de menores.

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