Suávamos todos, mas os americanos mais ainda. Eram 11 horas e estávamos no meio de uma trilha na mata densa, com árvores espichadas, troncos imensos e cipós de vários formatos. Os gringos paravam a cada três passos para tirar fotos. Eu tinha a familiar sensação de estar na Mata Atlântica, em plena Serra do Mar. Porém, estava bem longe de casa, embrenhado na principal reserva ecológica da Colômbia, o Parque Nacional Natural Tayrona (ingresso a US$ 15; parquesnacionales.gov.co).
O nome do lugar remonta à tribo que, antes da chegada dos espanhóis, viveu por essas matas a uma hora de Santa Marta, entre as montanhas de Sierra Nevada, com picos de até 5.775 metros, e o Mar do Caribe. Exímios ourives e fabricantes de cerâmica, os tayronas tiveram boa parte de seus tesouros saqueada, mas o território segue preservado. Pudemos comprovar nas duas horas de trilha de Cañaveral até a praia de Arrecifes.
Enormes blocos de granito de até oito metros de circunferência se espalhavam inexplicavelmente no meio da mata. O despachado guia Alex explicou que há centenas de anos desceram rolando em antigos rios. Após 40 minutos de caminhada, um mirante: a primeira visão do mar é aliviante, para não dizer inspiradora.
Voltamos à mata fechada quando, de repente, dedos indicadores na frente das bocas pediam silêncio. O guia apontava para as árvores. Eu só via mato até reconhecer pequenas figurinhas saltitando entre os galhos. Uma família de micos-titi, os menores do mundo.
Percorremos ainda um longo trecho sobre areia fofa até a praia de Arrecifes. A frustração foi não poder dar um mergulho após ter andado tanto, já que há uma grande incidência de afogamentos na área. Tive de esperar o fim da caminhada, de volta à calma praia de Cañaveral. Os mais preguiçosos podem percorrer o trajeto a cavalo (US$ 17) e esticar até a estonteante praia de Cabo de San Juan.
Bangalôs. Também é possível se hospedar na reserva em 13 modernos e sustentáveis bangalôs que imitam as construções indígenas. Os Echohabs (diárias desde US$ 314; ecohabsantamarta.com) abrigam até quatro pessoas com conforto.
Ali perto, o restaurante Cañaveral prepara o peixe sierra com crosta de banana verde e arroz de coco (US$ 20) acompanhado de suco de lulo (US$ 3), uma espécie de tomate adocicado. / F.M.