"Se você gosta de pássaros, esta é a sua ilha", anunciou Gaby, chefe de expedição do nosso cruzeiro por Galápagos, na noite anterior ao desembarque. Imaginei algo estilo birdwatching, em que seria preciso levar binóculos para ver alguma coisa.
Que nada. Os primeiros atobás-de-Nazca se apresentaram logo ao desembarque na Baía Darwin e, num primeiro momento, parecia uma tremenda sorte eles estarem ali. Mas logo se sucederam outros, e outros. Em menos de dez minutos, vimos dezenas de casais de fragatas, gaivotas, atobás-de-pés-vermelhos. Há mais de 70 espécies de pássaros em Genovesa.
Foi ali que vimos também os primeiros leões-marinhos da viagem (eles estão por toda a parte, mas você nunca vai cansar de fotografá-los). Uma fêmea e seu bebê se refrescavam em meio às piscinas naturais e nem se importaram com nossa presença: ela parecia posar para as fotos.
Mais à frente, outro grupo de filhotes nadava nas águas represadas. "É a creche", disse em português com algum sotaque o guia naturalista Xavier Soárez, filho de mãe brasileira e pai equatoriano. Segundo ele, as fêmeas costumam deixar os filhotes nesses espaços enquanto saem para pescar.
Apesar de já termos visto tanto nessa pequena trilha pela Baía Darwin, a maior parte das colônias de aves fica em outro trecho da ilha, chamada de El Barranco. Ali, um atobá-de-Nazca fincou os pés na trilha para observar de perto aquelas espécies estranhas que haviam desembarcado ali (ou seja, nós). E até uma rara coruja-de-Galápagos, mais arisca, deu as caras.
Outra ilha repleta de pássaros é a Seymour norte. O amor estava no ar: vimos os atobás fazendo sua dancinha tradicional, exibindo com orgulho os pés azuis. Vez ou outra, um assobio - seria um fiu fiu? A fêmea só observa, com ar de jurada de concurso de dança. Se ela responder com seu grunhido característico, está formado o casal.
Machos de fragatas inflavam uma espécie de bolsa, na altura do peito, para provar às pretendentes que eram saudáveis - quanto mais vermelho e brilhante, maiores as chances de conquistar a fêmea. E, quem não tem um peito assim tão vermelho, apela para o consumismo feminino: deixa o ninho pronto e deita sobre ele. É a natureza apelando para o sonho da casa própria.