O povo de lá se empolga quando o assunto margeia duas iniciativas em especial. A primeira é o projeto The Pearl, uma espécie de ilha artificial que já está em construção, com prédios residenciais, shoppings centers, hotéis de luxo e ainda ilhotas pertencentes à família do Emir (que comanda o país em uma monarquia absoluta). A ideia é criar uma atmosfera cosmopolita, globalizada, em plena Península Arábica, mas que só os bem afortunados poderão usufruir.
O outro projeto que está na boca da população é a candidatura do Catar para receber a Copa de 2022. Por lá por poucos dias, não arrisco afirmar que os cataris são loucos por futebol, mas estão notadamente animados com a oportunidade, curtem o esporte, além de se empolgarem com o fato de ser a grande chance de colocar o país em evidência internacional. Gostam de falar sobre o assunto, de lembrar dos jogos das últimas Copas do Mundo, são fãs assumidos da nossa seleção, sabem os lances dos nossos atletas de cor e falam com orgulho que o brasileiro Roger jogava muito em um dos times de lá.
Os investimentos em esportes deram um salto em quando o Catar sediou os jogos Asiáticos de 2006. Foi quando criaram a Cidade dos Esportes de Doha, uma infraestrutura de primeiro mundo para treinar futuros atletas de diferentes modalidades. Há centros aquáticos, quadras cobertas e externas, academias e o Estádio Khalifa - onde Brasil e Argentina vão disputar o amistoso dia 17 de novembro -, tudo de alta tecnologia.
Ao que tudo indica, dinheiro para estes investimentos é o que não falta no Catar. Rico em petróleo e gás natural, a pequena nação tem um dos PIB per capita mais altos do mundo. E já que podem, para o mundial de 2022, eles capricharam e apresentaram à Fifa projetos de estádios que são de cair o queixo. Um deles imitará os tradicionais barcos de madeira que eram usados para a pesca no país; outro terá a forma de uma concha marinha, onde o público só terá acesso de taxi aquático; e um terceiro terá sua parte externa completamente envolta por telões gigantes, para exibir futebol dentro e fora dele.
Veja aqui o vídeo que apresenta os cinco primeiros estádios do Catar:
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Quando todos por lá viviam uma expectativa completamente nova, eis que pipocam as notícias denunciando um esquema de troca de votos na Fifa. Ao que tudo indica, Espanha e Catar parecem ter fechado um acordo de troca de apoio. Para 2018, quando a Copa ficaria na Europa, o Catar se comprometeria a levar para a Espanha os três votos asiáticos no Comitê Executivo da entidade. Em troca, a Espanha conseguiria para o Catar em 2022 os quatro votos da América do Sul - e seu próprio. (Leia reportagem na íntegra aqui).
Notícias talvez não mais surpreendentes, mas sempre tristes que novamente mostram a corrupção nas grandes entidades esportivas. E que podem acabar com o sonho alegre e autêntico de todo um povo lá distante que está apenas começando a se mostrar ao mundo.