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Curiosidades, entrevistas e lugares paradisíacos

Vidas sem fronteiras

Por: Marlise Carvalho

Por Karina Oliani
Atualização:

No norte da Índia, uma comunidade de vida simples e sorrisos largos.

Rodeada de montanhas e quedas d'água provenientes do degelo dos picos a paisagem encantadora nos obrigava a parar para admirar e fotografar durante os dois dias de viagem que percorremos por um caminho de pedras num trajeto único feito de carro desde o município de Leh, que fica a 463,9 Km de distância, até o vilarejo de Zanskar, trazendo a companhia do começo ao fim do Rio de mesmo nome, tornando a sinuosa estrada uma das mais belas que já tive o deleite de ver.

 Foto: Estadão

Um pouco antes de chegar a 4.010m de altitude, na vila de Rangdum, em uma curva da estrada onde já havíamos nos distanciado dos carros que estavam a frente encontramos um campo verde onde estava acontecendo uma festa budista com música e dança para recepcionar a chegada do 13° Lama. O som dos tambores se misturava ao silêncio grandioso das montanhas e fez com que lágrimas se desprendessem dos meus olhos e dançassem junto com as mulheres lindamente vestidas de chapéus de pedras verdes.

 Foto: Estadão

Moldando o ferro quente a marretadas surgem ferramentas e a beira do rio se transforma em pia onde a louça é lavada por mulheres e meninos. O inverno dura nove meses e durante os outros três meses de sol, mas não sem ventos gelados e baixas temperaturas nas manhãs e a noite, os habitantes de Zanskar e das vilas ao redor trabalham para estocar comida e esterco de animais que os manterão aquecidos nos 25 graus negativos que enfrentam todo ano. A vida é levada de uma maneira simples mas com sorriso fácil e olharescontadores de histórias.

 Foto: Estadão

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Era uma tarde comum de terça-feira quando uma cinegrafista da GBM - Good Blood Media - ligou para a Karina com um convite para participar de um documentário que seria realizado na Índia sobre uma expedição médica da Hands on Global. Dois meses depois daquele telefonema e a Karina já havia reunido um time de dez voluntários que partiriam com ela para outro país, em um outro continente, numa expedição que uniria brasileiros e americanos para além de todas as suas margens socais e culturais e com único objetivo do bem comum.

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Vidas sem fronteiras!

Onze vidas. Onze pessoas que deixaram suas rotinas, seus trabalhos e suas casas por 15 dias para cruzar vários limites e praticar a medicina na última área remota da Índia.

 Foto: Estadão

O "Dalai Lama Hospital" foi casa durante nossa estadia em Zanskar.  Recebeu-nos em meio a festas e sorrisos e abriu suas portas para o que foram mais de 300 atendimentos com uma equipe de fisioterapeutas, ginecologista, psicólogo, pediatra, médicos e outras tantas pessoas que acreditaram que é possível tornar o mundo um lugar mais justo. O mínimo que podíamos fazer era retribuir com nosso melhor.

A população toda se envolveu, ajudando com transporte e traduções, nos acolhendo em suas residências e mostrando como as formas de viver nesse mundo são infinitas, como o banho pode ser de chuveiro ou de balde ou comer arroz pode ser usando uma colher ou os próprios dedos. Ensinaram-nos sobre gratidão. Uma gratidão que nada tem a dar, além do prazer de ter recebido.

 Foto: Estadão

Em nosso terceiro dia de atendimentos a Karina saiu para realizar dois atendimentos domiciliares em uma vila distante uma hora. Retornou já no fim do dia com vinte e duas histórias para contar. Uma delas? Na vila toda existe um telefone, daqueles pequenos e redondos, de discar, onde todos os moradores aguardam ansiosos algum telefonema...

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 Foto: Estadão

Voltamos para a estrada com destino a Leh e, naquele dia 8, um sábado, às oito horas da manhã, Vossa Santidade, o 14° Dalai Lama, nos concedeu uma audiência em sua residência. Tivemos a honra de ouvi-lo falar sobre a compaixão, que na hierarquia dos sentimentos é o sentimento supremo. Ele nos ensinou que todo sofrimento merece compaixão.

 Foto: Estadão

Ele nos agradeceu pessoalmente pelos atendimentos realizados. Mas éramos nós que nos sentíamos eternamente gratos por tudo aquilo que vivíamos. Talvez não existam palavras possíveis para explicar qual a sensação sentida ao segurar a mão e olhar nos olhos bondosos daquele homem de mais de 80 anos. De rir com ele e de tentar entender, com todas as nossas forças, sobre a generosidade, a virtude do dom. Portanto deixo aqui, meus cumprimentos, minha chegada a esse mundo, meu até logo e toda minha gratidão:

 Foto: Estadão

"Julley!"

 

FOTOS:

Marlise Carvalho

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AGRADECIMENTOS:

Instituto Dharma (www.institutodharma.org)

Canon (http://www.canon.com.br/)

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