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Duas jornalistas caem no mundo unindo duas paixões: viajar e ajudar o próximo. Aqui, elas relatam as alegrias, os perrengues e os aprendizados dessa experiência.

A pressa é inimiga do voluntário

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Por Bruna Tiussu
Atualização:
Lago Bunyonyi, no sudoeste de Uganda, onde fica o projeto Amasiko. Foto: Bruna Tiussu

A ideia inicial era a seguinte: dividir os 60 dias dedicados a Uganda colaborando em dois projetos, um no sul e outro no norte. Para vivenciar um pouco das duas regiões do país mesmo. Mas a experiência em Gana reforçou o conceito de que um longo período de voluntariado faz mais sentido, tanto para quem está ajudando quanto para quem está sendo ajudado.

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Eu diria que a primeira semana é praticamente de adaptação. Ainda que você chegue cheio de informações sobre o projeto, é só in loco que vai entender sua complexidade, seus reais desafios e, mais importante, em quais áreas você tem mais chances de ser verdadeiramente útil.

Também se gasta um tempo para se familiarizar com o lugar. O clima, os horários, as distâncias e o beabá do dia a dia, como alimentação, hospedagem, compras periódicas e uso de internet e telefone. É preciso ainda uma sensibilidade para um correto approach com a gente local, moradores da região e as pessoas envolvidas no projeto.

Amanhã completo uma semana aqui no Amasiko Homestay and Greenschool, localizado na porção norte do lindo Lago Bunyonyi, no sudoeste de Uganda. O negócio social mantém práticas do turismo sustentável e da agricultura orgânica para gerar fundos que são investidos na escola que atende as crianças da vila, além de oferecer treinamento profissional a jovens.

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Um dos eco-lodges da propriedade. Foto: Eduardo Asta

A paisagem bucólica e o clima de montanha (estamos a 1.900 metros de altitude) é completamente diferente do caos suburbano de Afrancho-Kumasi, em Gana. E o jeito do povo daqui, da etnia Bakiga, em nada se assemelha aos dos Ashantis de lá.

Amasiko Greenschool, criada e mantida pelo projeto. Foto: Bruna Tiussu

Sinto que moradores, funcionários e professores ainda estão se acostumando com minha presença, assim como eu estou me ajeitando ao novo cenário. É um processo natural e necessário -- e que aqui desenrola-se no ritmo africano de ser. Mas ele esbarra na ansiedade que todo viajante voluntário tem, de querer logo botar a mão na massa, ver a coisa acontecer e sentir-se útil.

Por isso decidi abrir mão do projeto do norte e ficar os próximos dois meses aqui no Amasiko. A ideia agora é que este período mais longo amanse minha ansiedade. E seja suficiente para causar a incrível sensação de troca, de partilha e de aprendizado -- em mim e nas pessoas daqui.

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