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Duas jornalistas caem no mundo unindo duas paixões: viajar e ajudar o próximo. Aqui, elas relatam as alegrias, os perrengues e os aprendizados dessa experiência.

Da escola para o mundo

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Por Bruna Tiussu
Atualização:
Aluno da Bright School durante aula de inglês. Foto: Eduardo Asta

A qualidade de ensino da Bright English School está num outro patamar se comparado com o que encontrei em minhas experiências anteriores, na Furman Foundation (Gana) e no Amasiko Greenschool (Uganda). Depois de pouco mais de um mês de vivência na escola, consigo afirmar que os professores são qualificados, priorizam o inglês na sala de aula e seguem um programa didático à risca.

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O resultado são crianças que, além de melhor alfabetizadas, têm maior autoconfiança, mais curiosidade sobre o mundo e ambições variadas. Quando eu perguntava às kids do Amasiko qual profissão elas queriam seguir, as respostas circulavam entre freira, enfermeira, médico e professor. Esse era o universo deles. Aqui, os pequenos sonham em ser piloto, engenheiro, atriz, músico e dona de restaurante. E todos dizem querer morar na cidade grande: Arusha ou Dar es Salaam.

Obviamente, esse mundo mais amplo reflete o próprio país. Apesar de ainda ter um baixo IDH (0,531), a Tanzânia possui uma economia em crescimento, um governo que parece se mexer para barrar a corrupção e que é mais aberto às trocas externas, tanto no comércio quanto por meio do turismo que aqui se desenvolveu.

Mas sejamos justos: o mérito é em grande parte da própria Bright English School. Pois as escolas públicas, ao menos as daqui de Loliondo, não conseguem preparar suas kids assim tão bem.

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Professor Omary, que ensina inglês para as séries 3, 4 e 5. Foto: Eduardo Asta

E como é boa a sensação de chegar num projeto cujas missões e valores não estão só no papel. Há todo um esforço coletivo, encabeçado pelo casal Juliana e Baraka, para que a escola evolua e ofereça um ensino ainda melhor.

Se a qualidade didática é elevada, já não dá para dizer o mesmo da infraestrutura. Como em Gana e Uganda, as salas de aula aqui são super básicas, com uma quantidade de carteiras insuficiente para todos os alunos, lousas precárias e sem energia elétrica. No prédio em que funciona o internato, os dormitórios se transformam em classes durante o dia: as beliches são afastadas, as carteiras acomodadas no centro e a lousa apoiada numa cama.

Dormitório transformado em sala de aula. Foto: Eduardo Asta

Todas as kids têm cadernos. Algumas têm lápis, outras, só canetas. Umas possuem borracha, outras giletes (que usam como apontador). Elas seguem o dia o dia na base do compartilhamento de material escolar, e está tudo bem. Tendo professores bons e comprometidos, o resto fica fácil de se ajeitar.

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