Chego na escola no meio do horário das aulas e vários alunos, alguns dentro e outros fora das salas, começam a gritar meu nome. Passo por eles perguntando cadê seus professores e recebo a resposta, em coro: "He/she is not here!"
A cena se repete diariamente. Professores que deveriam estar nas salas dando aulas estão fora delas fazendo qualquer outra coisa. Acontece de eu encontrar uma cuidando de seu bebê, uns no escritório, outros sentados conversando no gramado ou até mesmo tirando uma soneca numa canga.
Triste, muito triste. Quem sai perdendo, claro, são as crianças.
Aparentemente este não é um problema só do Amasiko Greenschool. Uma pesquisa recente do World Bank -- instituição que pesquisa e investe em programas que visam diminuir a pobreza no mundo -- apontou que 59% dos professores de Uganda estão ausentes das salas de aula, ainda que estejam nas escolas. Reforçando: 59%!
Quando percebi que se tratava de um lance cultural, comecei a tentar sacudi-los um pouco. Se minha aula começa às 10:40, arrumo um pretexto para passar no escritório às 10:35 e chamo os professores que lá estão: "Aren't you going to class?"
Logo após o almoço, para cortar o barato da siesta estendida deles, lá estou eu de novo: "Oh, it's already 2pm. Let's go cause the children are waiting!"
Certeza que eles pensam algo como "lá vem a muzungo mala". Nem ligo. Pelo menos enquanto estou por aqui consigo "carregar" um ou outro para dentro das salas de aulas, dia após dia.