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Viagens, cultura e histórias pela América do Sul

Aos pés da Cordilheira, a mobilização pelo Rio Maipo

Por Paulina Chamorro
Atualização:
 

Aqui no Brasil são poucos os exemplos de consciência social, mobilização e ações que produzem rapidamente resultados concretos.

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Já no Chile qualquer tipo de manifestação popular, qualquer mesmo, é levada a sério pelas autoridades, e não raro, cambian las cosas.

O mais recente movimento popular no Chile vem chamando a atenção tanto pela causa do pleito como pelo modo de protesto e os resultados já obtidos.

"No Al Proyecto Alto Maipo", uma mobilização que vem crescendo no Facebook, pede transparência a contratos entre empresas de água e energia do Chile que podem afetar o abastecimento de Santiago e, o que é pior para os líderes do movimento, causar danos irreversíveis à bacia do Rio Maipo aos pés da Cordilheira dos Andes.

 

A denúncia nas mídias sociais fala de um acordo secreto entre a companhia privada Aguas Andinas e a AES Gener, outra empresa privada, do ramo da energia. Esse grupo deu início, há um ano, obras para a construção de uma hidrelétrica na área. Recentemente um fenômeno natural de desprendimeto de placas de terra e neve das montanhas, somadas a escavações próximas a Bacia do Maipo causaram um alagamento e o desabastecimento de quase 2 milhões de habitantes, afetando também a infraestrutura hidráulica dos afluentes do Maipo. Ah, e todo o sistema de tratamento de água que abastece boa parte da região metropolitana.

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Um estrago e tanto, de consequências futuras imprevisíveis, que apenas com a mobilização da sociedade poderá encontrar um final diferente.

O No al Proyecto Alto Maipo do Facebook já ajudou a pressionar a justiça para que o contrato secreto entre as duas empresas seja revelado. Agora espera-se que o conhecimento dos interesses e projetos secretos gere uma discussão em torno da viabilidade ambiental e os benefícios/necessidades da construção de hidrelétricas conhecidas no Chile como Proyecto Alto Maipo.

 

Em tempos de protestos contra e a favor a Belo Monte, pela reconstrução da Região Serrana do Rio, da tragédia em Santa Catarina e os projetos de infraestrutura no Brasil, chama a atenção a força da ação popular no Chile, seus protagonistas e suas recentes conquistas que beneficiam a transparência para um debate mais amplo sobre as questões ambientais.

O Via Alterlatinas vai acompanhar os acontecimentos torcendo para que sirva de exemplo aos brasileiros que pedem maior participação da sociedade na gestão das coisas do País. E, claro, para que no Chile o Cajón del Maipo mantenha sua beleza intacta.

Para saber mais:

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http://www.facebook.com/NoAlProyectoAltoMaipo

http://www.elciudadano.cl/2013/01/22/62916/el-turbio-acuerdo-entre-aguas-andinas-y-aes-gener/

http://www.riosdelmaipo.cl/2013/01/26/corte-de-apelaciones-por-unanimidad-falla-favor-nuestro-contrato-aguas-andinas-y-gener/

 

ALTO MAIPO

O Alto Maipo é uma região de rara beleza, com intensa atividade social e de importância ambiental para Santiago, a maior cidade do Chile. Fica ao Oriente de Santiago, pela rodovia Cajón del Maipo, que liga a cidade aos pés da imponente Cordilheira dos Andes. É o acesso mais belo a algumas das mais famosas Vinhas do Chile, bastante frequentado pelos chilenos que amam e desfrutam a natureza quase selvagem do lugar. Caminhadas nos Cerros mais próximos, passeios de bike, à cavalo, escoterismo, rafting ou simplesmente fazer um assado com a família apreciando o visual e a energia desse lugar são algumas atividades disponíveis a apenas 30 minutos do centro da cidade.

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 Foto: Estadão
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