A bordo do Endurance, do Ushuaia até o Rio Grande do Sul

Durante três semanas, dez viajantes encararam a travessia a bordo de um veleiro entre Ushuaia, na Argentina, e o Rio Grande do Sul

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Por Roman Nemec
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Endurance se aproxima do Cabo Blanco Foto: Roman Nemee/Estadão

USHUAIA - Um século se passou desde a expedição polar do famoso irlandês Ernest Shackleton para a Antártida a bordo do convés do barco Endurance. O Pólo Sul já havia sido conquistado por Amundsen e o orgulho dos exploradores do Reino Unido sofria bastante com isso. No entanto, a intenção do comandante Shackleton de se aproximar da costa da Antártida e, subsequentemente, atravessar por completo o continente congelado nunca se realizou. No começo de 1915, depois de uma inesperada onda de frio, o veleiro do explorador ficou preso no congelado mar de Weddell, relativamente perto da costa e, infelizmente, não se libertou mais do abraço gelado.  Começava assim uma verdadeira luta pela sobrevivência para toda a tripulação. O comandante não aceitava uma derrota e de maneira alguma permitiria que seus pesadelos e desespero fossem transferidos para o resto da tripulação. Mostrou-lhes, então, seu plano, no qual ele esclarecia como eles iriam sobreviver do inverno até o começo do verão, quando os campos de gelo se descongelariam e permitiriam que eles navegassem rumo à Antártida e continuassem a expedição. Em novembro daquele mesmo, ano a situação, já muito desesperadora, piorou ainda mais. O Endurance, esmagado devido à imensa pressão dos icebergs que estavam sempre vagando, afundou nas profundezas do Atlântico Sul. Diante dessa circunstância precária, eram necessários coesão e bom humor, e Shackleton, que era um verdadeiro líder, conseguia gerenciar e delegar tarefas de forma amigável mesmo em condições bastante desesperadoras.

Quando finalmente os náufragos conseguiram acampar na Ilha Elefant, o comandante avaliou muito bem as poucas chances de sobrevivência e de salvamento por algum pescador. Zarpou, então, com outros cinco marujos num barquinho de resgate, James Caird, rumo à Georgia do Sul a fim de obter ajuda. Quatro meses e várias tentativas desesperadas depois, Shackleton conseguiu se aproximar novamente da costa da Ilha Elefant e resgatar o resto da sua tripulação com o barco chileno Yelcho.  No fim de 1916, todos os membros da expedição polar voltaram para suas vidas e eram gratos ao comandante Ernest Shackleton, um homem singular cuja resistência sobre-humana e fortaleza se inscreveram na história marítima mundial.SAIBA MAISComo ir: atualmente, o capitão Marco Hurodovich faz viagens em outro veleiro, o Azular. A vivência a bordo custa a partir de US$ 3 mil por pessoa, com refeições. O valor varia de acordo com a rota e a duração. Contatos por e-mail: hurodovich@uol.com.br; ou Whatsapp: (13) 9-9711-7747.

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