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A tradição: bairro histórico de um lado, especiarias e ouro de outro

Chamada pelos moradores de ‘Dubuy’, a cidade dos superlativos inspira consumo. Em quatro dias, é possível conhecer um pouco do passado comerciante - e histórico - e da ostentação atual

Por Bruna Toni
Atualização:

“Quando eu falo no passado estou falando de 40 anos atrás, entende?”, começa nosso guia, Azir, ao se referir à antiga Dubai. Marroquino de origem, emirate de coração, aprendeu a falar português de tanto ir ao Brasil visitar o irmão, dono de uma pousada no Nordeste. 

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A história de Azir, como a de tantos outros estrangeiros – 80% da população dos Emirados Árabes não nasceu no território –, acaba por testemunhar as várias facetas que essa região do Golfo Pérsico sempre teve, mas que ficaram em segundo plano durante o recente e estrondoso surgimento da nova Dubai. 

É no trajeto para Bastakia, em Bur Dubai, que a cidade das compras nos conquistou. Não por motivos que fogem ao estereótipo. Se hoje Dubai é conhecida como o lugar certo para se fazer e se gastar dinheiro, antigamente não era diferente. Às margens do Creek, indianos e persas negociavam mercadorias muito antes de a cidade cair no radar mundial. 

Por isso, fazer a travessia desse rio de água salgada em um abra, o tradicional barco de madeira que serve como táxi aquático, é indispensável. Custa 1 dirham (R$ 0,87) e leva, das 6 horas à meia-noite, aos souks, mercados típicos de especiarias e do ouro, ao lado de moradores. 

Caminhar pelos apertados e movimentados corredores fará com que você se sinta de fato no Oriente. Vendedores parados à porta de suas lojas gritam em inglês para chamar a atenção dos turistas, mas basta dizer sua nacionalidade para ouvir frases decoradas em português, um reflexo da grande quantidade de brasileiros morando na cidade. 

O aroma dos temperos ao sair do túnel que liga o porto ao mercado vai se tornando mais forte a cada passo. Girassol, gengibre, canela, açafrão, pimenta, baunilha, menta, pedra ume... Tudo pode ser levado dentro de saquinhos, na quantidade desejada. Barganhar é do jogo. Também há narguilés, incensos, roupas, sapatos e chocolate de camelo em formato de pedra (R$ 9).

Adiante está o mercado do ouro. São mais de 300 lojas com produtos feitos com o metal (inclusive roupas), de 18 a 24 quilates. Não procure os valores nas vitrines. Tudo depende da cotação do dia, exposta em um telão.

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Antes ou depois da travessia do Creek, caminhe pelas ruas do bairro histórico. Suas construções baixas e largas, cujos tons não fogem muito do bege e do marrom, chamam a atenção pelos arabescos decorativos e torres de vento para amenizar o calor.

Com o guia Azir, tivemos a chance de entrar com o pé direito, um sinal de respeito, em uma casa de beduínos, habitantes do deserto desde o século 7º. Na porta, Youssef Mohamed Sharif Albastek, um emirate de fato, nos recebe com chá de jasmim e tâmaras. Empolgado, mostra mapas, roupas e antigas fotos de Dubai e das personalidades que já recebeu, entre elas o jogador brasileiro Kaká. Youssef, que vive na região há 50 anos, ganhou do governo o direito de cuidar da casa, mantendo as portas abertas aos turistas.

Bem perto dali está o Museu Dubai. Acomodado no que antes era o forte Al Fahidi, construído com corais e a ajuda dos portugueses, em 1787, acredita-se que seja o prédio mais antigo de Dubai. A entrada custa entre 1 e 6 dirhams (R$ 0,87 a R$ 5,20). 

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