A temporada brasileira de cruzeiros em 2016/2017 está internacional. As viagens marítimas pela América do Sul correspondem a exatamente metade dos 108 roteiros do próximo verão. Como porto de partida ou escala, Buenos Aires e outros destinos sul-americanos aparecem em 54 saídas.
"Estamos conversando com os ministros do Turismo da Argentina, do Uruguai e do Brasil para fazer ações conjuntas e atrair navios para a região, com incentivos e diminuição de taxas", afirma o presidente da Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (Clia Abremar), Marco Ferraz. "Nossa ideia é fazer crescer o número de companhias vindo para os três países." Criar um polo integrado do Brasil com as nações do Cone Sul pode manter a competitividade do nosso mercado, em relação a outros no exterior.
Dos 108 roteiros, em torno de 28% têm embarque fora do Brasil (na Argentina ou no Chile). Estreante na temporada brasileira, a Norwegian Cruise Line (NCL) traz seu navio Sun para fazer somente viagens entre o Rio de Janeiro e Buenos Aires (dos sete cruzeiros, apenas três partem do Brasil) e pela Patagônia, com saídas alternadas entre a capital argentina e a chilena Valparaíso. O navio apresenta aos passageiros brasileiros o conceito de freestyle cruising, que permite escolher quando fazer as refeições (sem ter de se encaixar em turnos) e com quem se sentar (sem necessariamente dividir a mesa com outras pessoas). A tendência de trabalhar os sul-americanos de forma conjunta já se desenha há alguns anos. A MSC Cruzeiros, por exemplo, traz novamente para a América do Sul um navio com partida apenas de Buenos Aires, o Orchestra. Na temporada anterior, a armadora tinha feito o mesmo com o MSC Poesia. Os outros seis transatlânticos da temporada brasileira oferecem datas para embarques de portos do Brasil - conheça esses navios nas próximas páginas.
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Navios. O MSC Preziosa, que já esteve por aqui nos verões 2013/2014 e 2014/2015, retorna ao nosso litoral e se dedica a rotas pelo Sudeste e Nordeste, com embarques no Rio de Janeiro e em Santos. O terceiro navio da companhia italiana no Brasil será o MSC Musica, com partidas do porto paulista para a Bacia do Prata. Os países vizinhos também são o destino do Costa Pacifica, com embarques no Rio, para rotas de sete a nove noites. Com duas embarcações no litoral brasileiro, a empresa mantém o Fascinosa saindo de Santos, em roteiros de seis a oito noites pela Bahia e pela América do Sul, alternadamente, e em minicruzeiros de três e quatro noites. As viagens curtas são o foco do Pullmantur Sovereign, fretado pela CVC. Quase 83% das saídas do navio (com pacotes vendidos exclusivamente pela operadora brasileira) são breves.
A temporada brasileira vai de 21 de novembro a 18 de abril, com roteiros de três a 20 noites. Entre os destinos visitados no País estão vários já estabelecidos: Salvador, a também baiana Ilhéus, Búzios e Ilha Grande (ambos no Rio) e a paulista Ilhabela. Na América do Sul, portos chilenos voltam a aparecer. O Rhapsody of the Seas, da Royal Caribbean, já havia feito viagens de 14 noites até o Chile no verão anterior - a companhia não traz nenhum navio para esta temporada brasileira. Agora o Norwegian Sun, da NCL, tem saídas pela Patagônia.
Queda. O auge da temporada de cruzeiros no Brasil foi em 2010/2011, com a presença de 20 navios. De lá para cá, o número de embarcações no nosso litoral cai ano a ano. Em 2015/2016, chegou à metade daquele total: dez transatlânticos, com a oferta de 210 roteiros. Agora, são sete navios e 108 saídas. Com isso, o total de leitos disponíveis para os viajantes diminuiu drasticamente: dos aproximados 600 mil do verão passado para 381.694 no próximo.
De acordo com o presidente da Clia Abremar, essa queda se deve à falta de competitividade da operação no litoral brasileiro. "É uma cesta de motivos, que inclui custos altos de operação, impostos caros e falta de infraestrutura em lugares de parada, o que aumenta o custo e, por isso, a gente não consegue abrir novos destinos."
Mas por que tão poucos roteiros para o Nordeste? Ferraz explica: "Isso se deve ao polo emissor de viajantes, que está em São Paulo e no Rio. Com sete noites de cruzeiro, não dá para ir além de Salvador. Se você pegar um compasso e botar no mapa saindo de Santos e do Rio, vai ver que os destinos ao sul estão mais perto do que o Nordeste." Outro fator, segundo ele, é o apelo que paradas como Buenos Aires e Montevidéu têm para os viajantes.
Como exemplo desses custos altos dentro do Brasil, Ferraz cita o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) que as companhias pagam sobre o combustível quando a embarcação parte rumo a outro porto do País. "Se o navio vai para um destino internacional, não paga o ICMS, que pode chegar a 25%, no caso de São Paulo."
Curiosidades
29 minicruzeiros na temporada 2016-2017, o equivalente a 27% dos 108 roteiros previstos. No verão passado, as viagens de três a cinco noites corresponderam a 54% das saídas
7 temáticos organizados pelas companhias. Na última temporada, foram dez
13 cidades brasileiras serão visitadas pelos navios durante a temporada, número igual aos portos estrangeiros onde os navios atracam na Argentina, no Uruguai e no Chile