Bariloche: muito além da neve

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Por RICARDO FREIRE
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Na cabeça do brasileiro, Bariloche quer dizer neve. Está bem: neve e chocolate. É para lá que levamos as crianças para ver neve pela primeira vez; é lá que arriscamos nossos primeiros passos sobre um par de esquis. Em julho, o lugar se torna um ponto avançado (e gelado) do território brasileiro ? conhecido, até mesmo pelos argentinos, pela alcunha "Brasiloche".Nas férias do meio do ano e durante a temporada de esqui há uma infinidade de voos charter partindo de diversas cidades do Brasil e a rede hoteleira fica praticamente bloqueada pelas operadoras tupiniquins. Depois da ausência do ano passado, quando cancelamos nossas viagens em cima da hora por conta da gripe suína, a temporada de 2010 promete ser mais verde-amarela do que nunca.O que você talvez não saiba é que, antes e depois da neve, Bariloche e sua região continuam encantadoras. Para os argentinos, o lugar é um destino de verão, quando os lagos se tornam balneários e as montanhas, circuitos de caminhadas. Já o outono e a primavera são as melhores épocas do ano para quem quer explorar a região sem engessar a viagem. Os hotéis sempre têm vaga, os restaurantes estão sem fila, há carros disponíveis para alugar, as estradas não oferecem o perigo das capas de gelo, os passeios lacustres não são apinhados. E a paisagem, definitivamente, não precisa de neve para deslumbrar.Semana retrasada eu estava em Bariloche, esperando minha vez para ser atendido numa locadora, quando entreouvi uma conversa de turistas americanos. Um, que estava entregando o carro, tranquilizou o outro, que estava pegando o seu: "Não se preocupe, aqui tudo é bonito." Vai por mim: você não vai sentir falta de neve.Um roteiro. Aproveite a meia-estação para dividir sua estada entre as cidades da região ? algo bem difícil de fazer em julho, quando é complicado ir sem pacote. Passe as duas ou três primeiras noites em Bariloche. Atenha-se aos passeios à região mais imediata: o Circuito Chico, o Cerro Catedral, as fábricas de chocolate... Se quiser fazer uma excursão pelo Lago Nahuel Huapi, pegue o passeio de dia inteiro a Puerto Blest, que está na direção contrária à que você vai tomar no restante da viagem. Nestes primeiros dias não é imprescindível estar de carro. Táxi em Bariloche é tão barato quanto em Buenos Aires, e o Circuito Chico é bem feito pelos tours organizados.Alugue um carro no terceiro ou quarto dia e prossiga a San Martín de los Andes, cidadezinha encantadora na extremidade do fiorde do Lago Lácar. Vá pelo caminho menos percorrido, pelo Paso de Córdoba ? um trecho de 61 quilômetros de terra e cascalho que passa por formações geológicas incríveis dentro do Parque Nacional Lanín. No total serão 160 km, mas conte em gastar umas três horas no trajeto, porque a velocidade dentro do parque é baixa. No inverno, San Martín é a cidade que serve de apoio à estação de esqui de Chapelco; fora de temporada, a estrutura continua à disposição dos visitantes. Fique duas noites; no dia seguinte, faça um passeio de barco pelo Lago Lácar.Torça para fazer sol no dia de sair de San Martín: você vai pegar a Rota dos 7 Lagos, uma estradinha que passa por lagos e lagunas de todos os tamanhos e formatos. Muitos lagos têm prainhas que são perfeitas para fazer um piquenique. São 100 km (51 km de cascalho) até a sua última parada do circuito: Villa La Angostura. Com hotéis e cabañas à beira dos Lagos Nahuel Huapi e Correntoso, e um centrinho bem simpático, Villa La Angostura é o fecho mais tranquilo e elegante que você poderia dar à viagem. Fique duas ou três noites, descansando e comendo bem. Num dia claro, vá ao portinho da Baía Mansa e faça um passeio de barco pelo braço mais bonito do Lago Nahuel Huapi, descendo na ilha onde está o Bosque de Arrayanes. Na temporada funciona o Cerro Bayo, que se autodenomina uma estação de esqui "butique". De Villa La Angostura a Bariloche são 85 quilômetros. Tendo tempo, você pode voltar pelo caminho mais longo, passando por Villa Traful e o Vale Encantado ? esgotando, dessa maneira, todo o estoque de paisagens espetaculares da região de Bariloche.Onde ficar. Na baixa temporada os hotéis de Bariloche entram em liquidação; consulte os sites de reservas especializados. No centro, aproveite para ficar num cinco-estrelas como o Edelweiss (US$ 153) ou num quatro-estrelas relativamente novo como o Blue Tree (US$ 96). O Design Suites é todo moderninho e está a apenas R$ 8 de táxi do centro (US$ 113); já o Pestana acabou de ser inaugurado à beira do Lago Gutiérrez ? lá você vai precisar de carro (US$ 113). O hotel mais confortável de San Martín de los Andes é o Loi Suites Chapelco, já no caminho de Chapelco (US$ 163). Na cidade propriamente dita, fique com as simpáticas cabañas Las Marías, praticamente à beira do Lago Lácar (US$ 60).Em Villa La Angostura, não há nada mais classudo do que o Las Balsas, um relais-château numa enseada praticamente privativa do Lago Nahuel Haupi, com vista para o bosque de Arrayanes; na baixa temporada é possível conseguir diárias de US$ 480. Para escolher um apart-hotel ou uma cabaña, consulte os sites puertomanzano.com e villalaangostura.com.br.

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