Belém, para degustar e instigar o paladar

Acostume-se a passar o tempo todo com água na boca. Dos pratos mais simples aos mais sofisticados, a gastronomia da capital cativa com criatividade e temperos únicos

PUBLICIDADE

Foto do author Adriana Moreira
Por Adriana Moreira
Atualização:
Cores e sabores do Pará Foto: Adriana Moreira/Estadão

Jambu, tucupi, maniçoba. Tucunaré, pirarucu, filhote. Açaí e cupuaçu, talvez; e taperebá? Se você conhece todas as palavras (e sabores) citadas acima, provavelmente já esteve em Belém. Com ingredientes únicos, que se combinam graças a mãos habilidosas de chefs reconhecidos, como Thiago Castanho, do premiado Remanso do Bosque, a capital paraense vem se firmando como um destino gastronômico por excelência.

PUBLICIDADE

A principal dica para quem vai debutar na cidade é: não tenha medo de provar. As misturas não são uma unanimidade – o jambu adormece a boca e pode causar estranheza no começo, mas como imaginar um belo tacacá sem a folha típica da Amazônia? Chocolate e cupuaçu parecem feitos um para o outro e o suco de taperebá (cajá) é viciante. 

O açaí, por sua vez, é bem diferente do vendido por aqui. No Pará, serve-se a fruta batida para acompanhar peixe frito, com farinha de tapioca. Uma delícia.

A chuva cai todas as tardes, o calor é constante e a segurança, um problema em pontos turísticos como o Mercado Ver-o-Peso. Ainda assim, não deixe de visitá-lo: apenas preste atenção na bolsa e no celular, principalmente quando estiver fotografando. Prefira ir pela manhã, quando está tudo fresquinho.

VER-O-PESO

Retrato da diversidade

Carmelita dos Passos Rocha, uma enciclopédia das frutas do Pará Foto: Adriana Moreira/Estadão

Carmelita dos Passos Rocha, 45 anos de Ver-o-Peso, é uma enciclopédia das frutas paraenses. “Jambo-rosa, camu-camu, bacuri, uxi, ingá-chinela”, dispara, enquanto mostra uma a uma. Nem todas as barracas do histórico mercado, fundado no século 17 na Baía do Guajará, exibe tamanha variedade. Variedade essa que resume o tom do Ver-o-Peso, considerado a maior feira livre da América Latina, onde mais de 3 mil pessoas trabalham diariamente. São muitos mercados em um só, que vende peixes, carnes, garrafadas, ervas para temperar e para feitiços, farinhas dos mais diversos tipos, grãos, castanhas e até tucupi (líquido extraído da raiz da mandioca brava e usado em muitos pratos da cozinha local). Sem falar das boieiras, que vendem “a boia” – o almoço. Peixe frito com açaí faz sucesso ali. 

Publicidade

Tal variedade atrai também os chefs de Belém, que têm suas barracas favoritas. “Adoro vir aqui. Antes as pessoas não gostavam de ir ao mercado, mas não há lugar melhor para encontrar produtos frescos”, diz Daniela Martins, que comanda o restaurante Lá em Casa, especializado em pratos regionais. É ali que ela escolhe os peixes, os temperos e as frutas que vai servir aos clientes mais tarde, logo ao lado, na Estação das Docas. Além das frutas de Carmelita, outra parada fundamental é na barraca de Beth Cheirosinha, cujas garrafas guardam misturas para todos os males, sejam eles de saúde, dinheiro ou amor. Produzida e desinibida, ela mostra com orgulho as fotos com as celebridades que já passaram por sua barraca.

Uma receita de família Foto: Adriana Moreira/Estadão
Sentindo o clima de boteco Foto: Adriana Moreira/Estadão
A fruta mais importante Foto: Adriana Moreira/Estadão
Passeios que saem da Estação das Docas Foto: Adriana Moreira/Estadão
Sanduíche com ingredientes típicos Foto: Adriana Moreira/Estadão
Restaurante Remanso do Bosque Foto: Divulgação
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.