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Boa gastronomia longe do centro de Paris

Use o transporte público e siga para fora da zona turística, onde restaurantes pequenos e aconchegantes se especializaram em servir delícias a preços bem abaixo da média

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Por Redação
Atualização:

O pôster do

Les Enfants du Paradis

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decora o ambiente da casa no 10º arrondissement

 

PARIS - Com os restaurantes próximos das áreas turísticas de Paris cada vez mais cheios e caros, descobrir lugares fora do eixo central pode ser uma boa alternativa para uma refeição saborosa e com preço justo. Isso significa buscar endereços nos 10.º, 18.º, 19.º e 20.º arrondissements. O transporte público ajuda - em seis noites de comilança, peguei apenas um táxi para casa, e só porque meus companheiros se ofereceram para me levar.

 

Os quatro restaurantes que escolhi têm algo em comum: estão em bairros onde você normalmente não iria por outras razões, a comida é boa e os preços estão abaixo da média.

 

Baratin. Saindo da Rua Belleville, esta casa de dois cômodos parece ter sido montada sem qualquer investimento em design. Ainda assim, é bacana, com paredes beges e fotos em preto e branco penduradas. Tem toques requintados, como a acessível e adorável carta de vinhos. E há a chef e proprietária, que trabalha arduamente em uma cozinha que não é aberta por estilo, mas para facilitar o acesso. As entradas custam por volta de 10 (R$ 23) e têm o tamanho de um prato principal.

 

Eu e meu amigo pedimos comida suficiente para quatro pessoas. Começamos com tamboril com azuki e tomates secos, mistura incomum, mas gostosa. Depois, um combo de polvo e batatas com pimentão e, em seguida, uma espécie de peixe achatado com vegetais e cogumelos na manteiga. A baguete servida com tudo isso, sem frescuras, estava incrível. O confit de maçã com lima foi uma sobremesa intensa e bem-vinda. Um almoço próximo à perfeição.

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Philou. Quando estava em Paris, contei a uma nativa que iria ao Philou, no 10.º arrondissement. "Quem é que vai ao 10.º?", ela perguntou, de uma forma ligeiramente mais vulgar.

 

Com gente suficiente para lotar o local todas as noites e a cerca de 20 minutos a pé da Bastilha, o Philou é muito brilhante em suas cores e iluminação - e esta foi a única coisa que não gostei. É despretensioso, com um pôster do filme Les Enfants du Paradis no Canal St. Martin dominando uma das paredes.

 

O dono, Philippe Damas, foi proprietário também do restaurante Le Square Trousseau. Vendeu porque teve sucesso demais para se manter divertido. O Philou é pequeno, e também barato: 25 (R$ 57) por dois pratos, 30 (R$ 69) por três. A comida é maravilhosa, como as sardinhas marinadas com geleia de salsinha, maçãs e raiz-forte. Pedaços de fígado de bezerro e poularde de Bresse, com uma carne que estava quase tão boa quanto sua pele, servida com repolho chinês, também estavam ótimos.

 

Eu vou voltar. E você deveria fazer o mesmo.

 

Table d’Eugene. Escondido em uma parte de Montmartre que você pode não conhecer, Table d’Eugene é o mais sofisticado e atraente de todos esses lugares.

 

Confesso que o visitei com pressa, para um almoço de última hora com uma amiga. Estava cansado, adiamos nossa reserva, tinha tudo para ser um fracasso. Mesmo assim, a comida estava tão linda e deliciosa que me conquistou. Como os outros, é um estabelecimento pequeno, que nos faz sentir em casa.

 

Começamos com queijo parmesão e um patê de biscoitos amanteigados com alcachofras e presunto pata negra. O ravióli de frango com creme e a guarnição de chirivias fritas eram de dar água na boca. Na próxima vez, irei no jantar para provar os drinques e sobremesas.

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Le Verre Vole. Este restaurante, também no 10.º arrondissement, é divertido, colorido e inconsistente. Lá, todo mundo fala alto, ou seja, dá para gostar imediatamente. Apesar de não sugeri-lo para ser sua primeira parada, seus encantos são inegáveis. Mesmo que o serviço não seja tão bom.

 

Há ótimos vinhos a 5,50 (R$ 12) a taça; para comer, entrada e prato principal saem por 30 (R$ 69). Pedimos camarão, mariscos no vapor, os melhores escalopes da semana, bochechas de boi com vegetais aromatizados. Os queijos de Jean-Yves Bordier estavam fantásticos. Definitivamente, foi uma boa viagem.

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