Boas apostas numa estrela asiática

Antiga província portuguesa tomou de Las Vegas o título de paraíso das roletas. E não pára de crescer

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Por Craig Simons e Cox News Service
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A palavra mudança resume bem o cenário que eu vi pela janela do quarto. Guindastes gigantes perto de hotéis em construção, exércitos de operários pelas ruas de Macau e, ao longe, a luz néon dos cassinos. O resort Venetian, inaugurado no ano passado, é um desses empreendimentos, talvez o mais importante. O complexo exigiu investimentos de US$ 2,4 bilhões e inclui o maior cassino da região, 3 mil quartos, minicampo de golfe e lojas de luxo. Tendo tirado de Las Vegas, em 2007, o título de paraíso das apostas, Macau vê surgir cada vez mais complexos do gênero. Só o grupo MGM Mirage, dono de onze cassinos na cidade americana, abriu em dezembro um empreendimento de US$ 1,25 bilhão nessa antiga província portuguesa na Ásia. Resolvi visitar Macau para ver essa explosão de prédios e verificar o que ainda resta do charme tradicional da localidade. Afinal, a vizinha menos famosa de Hong Kong recebeu no ano passado nada menos que 27 milhões de turistas, quatro vezes mais que o número registrado uma década atrás. Há dois anos, quando estive em Macau pela primeira vez, pude explorar os prédios históricos, construídos logo que os portugueses iniciaram a colonização, no século 16. Também experimentei a gastronomia típica, que mescla receitas lusitanas com ingredientes chineses. Agora, resolvi ver o lado moderno. Fiz o check-in no Venetian e, quase instantaneamente, me perdi em suas entranhas. Um parêntesis: Buddy Lam, porta-voz do resort, jura que o complexo é o segundo maior edifício habitável do mundo. E, de fato, os hóspedes recebem um mapa para rodar por lá. Depois de passar por um hall coberto de réplicas de afrescos italianos do século 18, cheguei ao gigante cassino, que recebe 50 mil visitantes por dia. Naquela tarde, as roletas e as mesas de bacará (as preferidas dos chineses) estavam lotadas. Quando finalmente cheguei ao quarto, fiquei assombrado com seu tamanho: havia uma sala de estar anexa e uma banheira descomunal, decorada com sete espelhos. Para você ter uma idéia do que estou falando, aquele era o menor e mais simples quarto disponível no Venetian. Voltei ao cassino e troquei US$ 100 em fichas. Acabei escolhendo uma mesa de black jack, onde já estavam dois indonésios. Eles não paravam de fumar e apostavam, no mínimo, US$ 100 de cada vez. Asiáticos de várias nacionalidades dominavam as outras mesas. Os indianos pareciam jogar por diversão e os chineses, para ganhar. Em meu último dia de viagem, não resisti e fui visitar a região histórica de Macau. Por lá, um antigo morador me explicou. "Agora nós temos duas Macaus diferentes. As pessoas podem vir aqui e ver as duas."

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