Brotas com criança: onde ficar, onde comer e o que fazer

Rafting, cachoeiras e, se estiver frio, atrações secas como a bicicleta na tirolesa para curtir as férias de julho - ou apenas um fim de semana - em família

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Por Monica Nobrega
5 min de leitura
Superbike, a tirolesa em bicicleta, tem um 1 quilômetro de extensão, metade na ida, metade na volta, e altura de até 70 metros. Foto: Mônica Nobrega/Estadão

Dezesseis anos atrás, então jovens universitários, meus amigos e eu costumávamos ir a Brotas para passar alguns fins de semana. No fim de março deste 2017, voltei para mostrar a cidade ao meu filho, agora que ele está com 6 anos e altura superior ao 1,20 metro exigido para participar do rafting, a modalidade que ajudou a erguer o turismo na cidadezinha do interior paulista.

Naquele início dos anos 2000, Brotas começava a ficar conhecida pelas opções de atividades ao ar livre. A formação da equipe Alaya Bozo D’Água, que nos anos seguintes venceu competições de rafting mundo afora, chamou a atenção de aventureiros para as corredeiras de águas limpas do Rio Jacaré Pepira. Era por causa do rafting que íamos até lá. 

O turismo na cidade de menos de 20 mil habitantes estava apenas começando. O Parque dos Saltos, hoje uma atração consolidada às margens do Jacaré Pepira, em pleno centro, ainda era um lugar que não se devia frequentar. A Avenida Mário Pinotti, a principal, enfileirava uma ou outra agência de passeios e restaurantes caseiros montados em garagens. 

Eu e meu grupo nos hospedávamos num camping a poucos minutos a pé da avenida, que custava R$ 7 por dia, por barraca, e onde um misto quente um café com leite saíam por menos de R$ 5. Hoje, as boas pousadas e os resorts que se autodenominam “eco” proliferaram no centro e na área rural. Algumas destas hospedagens investem numa atmosfera romântica e atraem casais em busca de sossego. 

Enquanto isso, espaços para acampar praticamente desapareceram da parte mais central. Sobrou o Camping Jacaré, bem estruturado, e que tem também apartamentos e cabanas (diárias em barracas desde R$ 40 por pessoa; campingjacare.com.br).

Apesar de ainda se verem grupos de amigos, a verdade é que Brotas profissionalizou o turismo ao longo dos últimos anos com os olhos voltados para as famílias. Um ou outro restaurante de preço fixo sobrevive, frequentado pelos mais jovens, mas a Mário Pinotti está cheia de casas que destacam o nome do chef de cozinha e o menu kids. A cerveja de produção local Brotas Beer está em vários restaurantes, a um preço médio de R$ 20 a garrafa de 600 ml, e pela metade deste valor, no supermercado Cimi, que fica no centro. E, boa notícia, é ótima.

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Neste percurso, essa é a parte chata da história, os preços subiram. Ainda que minha referência anterior não seja exatamente de um turismo estruturado, achei que os preços em geral em Brotas estão de médios para altos. Por outro lado, passeios e hospedagens buscam oferecer descontos para crianças e para quem compra mais de um tour ou atividade. Para quem vai com filhos, são aspectos a se considerar.

Principalmente porque viajantes de perfil mais aventureiro encontram em Brotas uma referência, um parque de diversão ao ar livre, um dos mais bem estruturados do País. O Jacaré Pepira continua um rio limpo, onde se pode nadar e pescar. Para esta época do ano, mais fria, há opções secas que podem substituir a molhadeira do rafting. 

Dois novos parques abriram nos últimos anos, Aventurah! e Viva Brotas. No segundo, estreou em dezembro passado a tirolesa-bicicleta Superbike, e um pouco antes, o voo canguru, em que um adulto e uma criança deslizam juntos na mesma tirolesa. Meu pequeno aprendiz de aventureiro adorou.

A facilidade para chegar lá conta ponto a favor. Saindo de São Paulo, são 250 quilômetros por boas rodovias. Susto, só mesmo a quantidade de praças de pedágio no percurso, seis na ida e seis na volta, um total de R$ 93,80. 

Como ir: são 250 quilômetros e cerca de 3 horas de São Paulo a Brotas pela Rodovia dos Bandeirantes, depois pela BR-364 e BR-369. De ônibus, cada trecho custa R$ 70,35 com a Expresso de Prata (expressodeprata.com.br)

Onde ficamos

A Pousada Pé na Terra é uma pousada rural, mas com localização central: está a apenas 1 km do Parque dos Saltos. Há 12 apartamentos no prédio principal e mais oito de frente para o bosque – estes são mais amplos e privativos, e têm varanda com rede. Toda a estrutura fica em um amplo e bem cuidado gramado, com pomar, playground, campo de futebol e uma gostosa piscina cercada por espreguiçadeiras de madeira. 

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A Pé na Terra é uma pousada rural, mas que fica bem ao lado do centro de Brotas, a 1 quilômetro do Parque dos Saltos. Na foto, a piscina e o restaurante, que ficam no meio do enorme jardim. Foto: Mônica Nobrega/Estadão

No restaurante, um quiosque no meio do gramado, o café da manhã é capítulo à parte pela notável variedade. Pães simples e recheados são feitos na própria cozinha da pousada (o de linguiça é inesquecível), de onde saem também bolos, sucos frescos de frutas e ovos preparados ao gosto do hóspede. 

Diárias começam em R$ 410 em quarto para três pessoas, com café da manhã; em julho, duas diárias dão direito a passaporte infantil para o Aventurah!: pousadapenaterra.com.br

Onde comer

- Brotas Bar: É um bar e restaurante temático – e o tema é o rafting. Em um casarão de mais de 100 anos, que foi restaurado usando os materiais originais, como tijolos e madeiras, o estabelecimento abriga também um pequeno museu com troféus e equipamentos da equipe Bozo D’Água.

O cardápio tem pescados, massas, pizzas e carnes bovinas. O garçom recomendou o T-bone, especialidade da casa, que estava ótimo e veio acompanhado de arroz e batatas rústicas. Para a criança, o prato de espaguete ao sugo estava gostoso, mas poderia ser mais bem servido. O jantar para dois adultos e uma criança não sai por menos de R$ 200, sem bebidas: brotasbar.com.br.

- Vicino Della Nonna: O chef Luiz Felipe prepara receitas inspiradas na origem napolitana de sua avó. Provamos o ravióli de queijo ao molho de ragu de cabrito e o polpetone à parmigiana, ambos deliciosos. Cada prato individual custa entre R$ 60 e R$ 70 e vem muito bem servido: vicinodellanonna.com.br

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Dicas para levar crianças a Brotas

1. Vá com calma: programe um passeio por dia. Por mais que o fim de semana seja curto e haja muito a fazer, as atividades em Brotas gastam energia ou exigem pular cedo da cama. A chance de mau humor infantil para um segundo passeio que exija esforço ou concentração demais deve ser considerada. 

2. Como combinar passeios: três dobradinhas que funcionam para crianças: parques Viva Brotas (de manhã, para tirolesa e almoço) e Aventurah! (à tarde), por ficarem um ao lado do outro e serem complementares; rafting de manhã e Parque dos Saltos sem pressa depois do almoço; Areia que Canta (não é precico acordar tão cedo para ir) e planetário do CEU à noite.

3. Na trilha: criar histórias e propor desafios é uma boa forma de estimular as crianças para caminhadas. Que tal chamar a trilha de passeio na floresta e desafiar os pequenos, por exemplo, a encontrarem a árvore mais alta de todas? 

4. Lanchinhos à mão: fatias de bolo – pegue uma ou duas no café da manhã da pousada – bolachas e frutas levantam o astral das crianças quando bate um cansaço nos passeios. E ainda evitam o consumo exagerado de guloseimas industrializadas entre as refeições.

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