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Caminho natural até as cachoeiras de Visconde de Mauá

Por Felipe Mortara e VISCONDE DE MAUÁ
Atualização:

Entre uma curva e outra da bela (e recém-asfaltada) estrada que leva a Visconde de Mauá, cuidado para não perder a concentração caso uma enorme borboleta de asas azuis desfile diante do para-brisa. Além delas, pássaros raros e uma vegetação exuberante recebem o visitante em mirantes de tirar o fôlego. É essa interação com a natureza, aliada ao clima de montanha, o que confere graça à região, cravada no alto da Serra da Mantiqueira, a mais de 1.200 metros de altitude. Em sete vales localizados entre os Estados do Rio e de Minas Gerais, o trio de vilas formado por Maromba, Maringá e Visconde de Mauá concentra rios de águas limpíssimas - cachoeiras e mais cachoeiras -, natureza bem preservada e competentes pousadas e restaurantes. Nos cardápios simples ou nos que já fizeram fama o destaque é a truta local, aclamada como uma das melhores do País. Antiga colônia alemã do início do século 20 - o que ajuda a explicar a arquitetura e o gosto por cerveja - a região já recebeu vários perfis de visitantes desde que foi descoberta turisticamente, nos anos de 1970. Hoje, apesar da fama de romântica (que tem razão de ser), suas três vilas se mostram ecléticas e com opções para divertir e descansar de famílias a grupos de amigos. De acordo com a estação, turistas chegam para curtir o frio ou se refrescar do calor. No verão chove rapidamente à tarde e o sol reaparece em seguida. À noite, as baixas temperaturas são certas: os termômetros chegam a 10 graus (ou ainda menos, no inverno), excelente justificativa para quem quer acender a lareira e testar os cobertores térmicos, última moda por aqui. Ao ar livre. Já os dias são ocupados pelos passeios na natureza. E se tem um que não pode deixar de ser feito é o da Cachoeira do Escorrega - um dos símbolos de Mauá, junto com as do Poção e Santa Clara. Como o nome sugere, ali forma-se um tobogã natural de cerca de 30 metros que deságua num poço delicioso para nadar. Espaço extremamente democrático: hippies e endinheirados compartilham o sol e as mesmas pedras e o acesso ainda é gratuito, o que deve mudar logo. No fim de 2011, uma área de 37 hectares (que engloba o Escorrega) foi comprada por R$ 1,1 milhão pelo Instituto Biológico Chico Mendes (ICMBio) e agregada ao Parque Nacional do Itatiaia. A direção do parque promete instalar um portal e um centro de visitantes, com banheiros e lanchonete, até o fim de 2012. Preços já foram decididos. A entrada custará R$ 22 para estrangeiros e R$ 11 para brasileiros. Moradores terão desconto de 70% a 90%. O diretor do parque, Walter Behr, diz que a medida foi tomada para garantir acesso público à cachoeira. "O espaço estava com seus dias contados com a valorização e pressão imobiliária. Será uma cobrança simbólica que não impedirá as pessoas de irem ao atrativo", afirma. Na estrada. O péssimo estado da estrada que liga a rodovia Presidente Dutra a Mauá, problema crônico para a região durante anos, deu lugar ao asfalto. Desde dezembro, caiu pela metade o tempo gasto para fazer o trajeto entre Resende e a vila, que chegava a levar duas horas. Com isso, a partir de São Paulo, a viagem de carro agora dura quatro horas. A facilidade de acesso impôs novos desafios ao turismo na região. "É uma questão de identidade. Queremos sobreviver sem o turismo de massa. Um destino se torna atração por oferecer algo diferente, senão vira só mais um", diz Lauro Andrada, da Associação Turística e Comercial de Visconde de Mauá (Mauatur).No ano passado, a entidade fez um levantamento amplo, que incluiu o perfil dos turistas que desembarcam por lá. Dois números chamam a atenção: 60% estão retornando e 99,51% pretendem voltar. Pelo jeito há alguma coisa nas borboletas, nos temperos ou na água das cachoeiras que, definitivamente, cativa os visitantes.

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