Conheça Chiloé, o cenário chileno da nova série da Globo

Ao sul do Chile, província manteve preservados arquitetura singular e costumes seculares. Agora, está em evidência na série ‘Os Dias Eram Assim’

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Por Igor Giannasi
4 min de leitura
Casas construídas sobre palafitas, típicas de Chiloé Foto: Igor Ginnasi//Estadão

CASTRO - Ao sul do Chile, um local de ares bucólicos e arquitetura marcante reserva surpresas para quem troca destinos turísticos mais tradicionais no país – como a capital Santiago, Deserto de Atacama ou as estações de esqui do Valle Nevado. Formado por um conjunto de mais de 50 ilhas, a província de Chiloé reserva áreas de natureza intocada e hotéis charmosos.  Castro, a capital, dá as boas-vindas com suas casas que seguem estilo similar, com telhas de madeira revestindo as paredes. Também no mesmo padrão, as palafitas na área central, às margens do Oceano Pacífico, enchem os olhos com o colorido de suas pinturas. Foi essa arquitetura singular que chamou a atenção de Carlos Araújo, diretor artístico da série Os Dias Eram Assim, que acaba de estrear na TV Globo. A produção passou duas semanas na região em janeiro – na trama, Renato (vivido por Renato Góes) é obrigado a se mudar para o Chile. Ali, ele acaba se envolvendo com a médica Rimena (Maria Casadevall). A madeira, aliás, define a cultura do arquipélago desde quando os povos nômades desbravaram o território com suas embarcações. Antes da colonização pelos espanhóis, não havia o conhecimento do metal e os indígenas criaram um sofisticado método de encaixe das estruturas de madeira sem a necessidade do uso de pregos.  A técnica foi incorporada na construção de igrejas – são cerca de 50 no arquipélago – após a chegada de missões jesuíticas na região, nos séculos 17 e 18. A Unesco reconheceu 16 delas como Patrimônio da Humanidade, considerando as igrejas de Chiloé como “exemplos excepcionais da bem-sucedida fusão das tradicionais culturas europeia e indígena para produzir uma forma única de arquitetura de madeira”. Em 1936, porém, um incêndio de grandes proporções destruiu boa parte das palafitas em Castro. Quase que renascendo das cinzas, a partir dos anos 1980, com o apoio do governo federal de então, os casebres restantes passaram por um processo de reforma e revitalização que resultou na criação de charmosos hotéis, cafés e galerias de arte onde antes só havia moradias. No início deste ano, inclusive, o arquiteto local Edward Rojas, de 65 anos, foi agraciado com o Prêmio Nacional de Arquitetura 2016 – algo considerado uma quebra de paradigma no país. Ele mesclou a tradição dos carpinteiros locais com novos elementos, sem desfigurar as características chilotas, em projetos como o Museu de Arte Moderna (MAM), em Castro, a Cocineria de Dalcahue, e a reformulação e recuperação de palafitas e igrejas. “Buscamos um equilíbrio entre o velho e o novo, o tradicional e o contemporâneo.”Lugar de gaivotas. No idioma indígena williche, Chiloé significa “lugar de gaivotas”, mas não são só elas que aparecem pelo arquipélago. Rota migratória de diversas espécies de aves, como flamingos, a região foi visitada pelo naturalista inglês Charles Darwin (1809-1882), durante a viagem que serviu de base para escrever o livro A Origem das Espécies.  Para ter um contato mais próximo com a natureza, o Parque Nacional de Chiloé, a 60 quilômetros de Castro, e o Parque Tantauco, no extremo sul da maior ilha, em Quellón, são os mais indicados. Não é difícil encontrar nos hostels e hotéis opções de excursões com trekkings, cavalgadas e passeios de barco. Como o arquipélago fica numa região de clima temperado úmido, é sempre bom levar uma capa para não ser pego desprevenido pela chuva durante as atividades.   

Arco-íris duplo visto do quarto do hotel Tierra Chiló Foto: Igor Giannasi/Estadão

SAIBA MAISAéreo: SP – Castro – SP: R$ 1.239 na Latam, com conexão em Santiago. Castro está a de 2 horas de voo da capital chilena.Terrestre: alugar um carro é uma das opções para se locomover em Chiloé. Na Rentacars.com, um modelo econômico para sete dias sai a partir de R$ 1.279 no cartão.  Clima: o inverno, entre junho e agosto, costuma ser a estação mais chuvosa. Nessa época, o sol nasce por volta das 8h30 e se põe às 16h30. Já no verão, o amanhecer é mais cedo, às 6 horas, e o dia pode ficar claro até as 23 horas. A temperatura anual, em média, fica em torno dos 11 graus, mas pode chegar aos 25 e 26 na estação mais quente.   Site: bit.ly/visitechiloe.ONDE FICAMOSTierra Chiloé. Da ampla janela, a vista parece ser a de um grande lago, circundado por áreas verdes e algumas poucas construções. Na verdade, o que se vê do quarto do hotel Tierra Chiloé é uma parte do Oceano Pacífico, já que a construção está localizada na península de Rilán. Vez ou outra, o cenário é incrementado com um arco-íris duplo logo depois de uma das chuvas típicas da região. A arquitetura do hotel-butique homenageia a cultura local das palafitas em sua fachada de filetes de madeira. Por dentro, o design ganha ares contemporâneos e confortos como spa, jacuzzi, sauna seca e úmida e sala de massagens. No restaurante, o cardápio mescla cozinha internacional com pratos típicos, como o tradicional curanto. O local passa por um processo de ampliação para dobrar os atuais 12 apartamentos. A reforma deverá ser concluída no início do segundo semestre. O hotel fecha durante a baixa temporada, de maio a outubro. Estadia mínima de três diárias, a partir de US$ 1.390, com traslado de Castro, todas as refeições, open bar e duas excursões. *O repórter viajou a convite do Turismo do Chile.

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