Como funcionam as gorjetas no mundo

Por falta de hábito, brasileiros esquecem que gratificações são quase obrigatórias em vários países. Saiba quando, quanto e onde pagar

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Por Monica Nobrega
Atualização:
Caixinha eletrônica. Aceita cartão, mas ainda é rara Foto: Carlo Allegri/Reuters

Poucas semanas atrás, em Las Vegas, ao fim de uma viagem de táxi, perguntei ao motorista se seria suficiente que eu lhe desse os US$ 56 que tinha na carteira em dinheiro vivo para pagar uma corrida cujo valor no taxímetro havia sido de US$ 49,60 – a diferença de US$ 6,40 a mais equivaleria a uma gorjeta de cerca de 13%. “Não, a gorjeta mínima que aceito é de 20%, pague com cartão de crédito”, o motorista respondeu, secamente. 

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Não foi a primeira vez que recebi uma reação atravessada de trabalhadores dos Estados Unidos por causa da gratificação que, no país, é praticamente inescapável. Em outra ocasião, num jantar em Nova York, por pura distração e erro de cálculo, nossa mesa de quatro pessoas deixou US$ 2 a menos do que o montante que equivaleria aos 20% de gorjeta. Na saída, fomos perseguidos na calçada pelo garçom, aos gritos de “pessoal, falta dinheiro aqui”. 

É certo que a reação dos atendentes dos Estados Unidos, onde alguns estabelecimentos têm até um dispositivo que cobra a gorjeta no cartão de crédito, representa um caso extremo. Mas nós, brasileiros, erramos bastante nesse tema, na maioria das vezes por pura falta de hábito, e não por má-fé – estamos tão acostumados aos 10% incluídos na conta dos restaurantes brasileiros que nem nos ocorre o fato de que, no exterior, muitas vezes a gorjeta compõe a principal fatia da remuneração de garçons, funcionários de hotéis e outros. 

Anote as dicas para não errar nas próximas férias. E planeje-se: as gratificações podem encarecer significativamente a viagem.

ESTADOS UNIDOS

Garçons nos Estados Unidos têm salário fixo de US$ 5,15 a US$ 10 por hora, dependendo do Estado. Para complementar a renda, correm atrás (literalmente) das gratificações e chegam a ficar agressivos quando não recebem o esperado: um mínimo de 15%, valor que, ainda assim, vai fazer o atendente reagir com irritação. Em geral, garçons e taxistas esperam ao menos 18% a 20% de gorjeta, especialmente nos lugares turísticos. Os valores são os mesmos no Canadá; já a reação a uma gorjeta “errada” ou de menor valor costuma ser menos agressiva. Dê aos bartenders US$ 1 a mais por bebida.

Nos hotéis, considere US$ 1 ou US$ 2 para o carregador de malas, US$ 2 a US$ 5 por dia para a camareira (dependendo da categoria do hotel) e, se fizer questão, US$ 1 a US$ 2 para o porteiro que chamou um táxi – essa não é obrigatória. O concierge pode ficar fora da lista de gorjetas; se ele fizer um ótimo trabalho, como conseguir um ingresso difícil, dê ao menos US$ 20. No spa, um atendimento ótimo vale 10% a mais. 

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Coloque de US$ 2 a US$ 5 na caixinha do motorista de excursão, e dê US$ 5 a US$ 10 para guias de passeios – quanto maior o grupo, menor a gorjeta.

Para saber mais sobre as gorjetas nos Estados Unidos,

clique aqui.

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ÁSIA

Só estrangeiros dão gorjetas em restaurantes na China (quase nunca no táxi ou em passeios), sem parâmetro de valor. No Japão, dar dinheiro extra pode ser considerado rude e ofensivo, já que a alta qualidade nos serviços é um dos orgulhos no país. 

Nos países do Sudeste Asiático, como Vietnã, Tailândia e Camboja, dar gorjeta não é cultural, mas é bem aceito, já que atendentes são mal remunerados. Deixe o troco ou algo em torno de US$ 2 nos restaurantes e bares; o mesmo valor para camareiros, carregadores e motoristas; e até US$ 5 para guias. Para terapeutas em spas, US$ 5 a US$ 10 são bem vindos. 

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CARIBE

Cuba é, definitivamente, um lugar onde se espera que você dê gorjeta. Em média, adicione 10% a todo pagamento, seja restaurante, táxi, ingresso ou excursão. Na prática, tenha trocado e sempre arredonde tudo para cima; se pedir troco, espere ouvir que o atendente não tem. 

Camareiros e funcionários de hotel em geral esperam gratificações na República Dominicana – pelo menos 100 pesos dominicanos (US$ 2) por dia. Em Aruba, onde as taxas de serviço são de 15%, é opcional dar gorjeta. Restaurantes e hotéis em Curaçau e Barbados adicionam taxas de 10% a 15%; gorjetas são facultativas. 

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EUROPA

Como hábito mesmo praticado no cotidiano pela população, a gorjeta só existe na Alemanha, onde se dá 10% em restaurantes, e algo entre 0,50 e 2 euros a taxistas. Bares cobram uma caução de até 2 euros pela garrafa da bebida pedida; ao devolver o recipiente, você recebe o valor de volta e pode deixá-lo como gratificação ao bartender, o que é comum.

Bartenders na Inglaterra esperam 1 libra por bebida. Na Itália, turistas dão 10% de gorjeta aos garçons (moradores, nem sempre). França, Portugal, Finlândia e Suíça incluem a gorjeta na conta do restaurante; extras são opcionais e não tão comuns. Para camareiros, é de bom tom dar 2 euros por dia. Na Bélgica, Dinamarca e Suécia, gratificações não são nem esperadas. Se quiser agradar aos garçons, camareiros e carregadores, pense em 2 a 5 euros por dia.

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MÉXICO E AMÉRICA DO SUL

Destinos no México que recebem muitos americanos, como a Riviera Maya e Cancún, têm uma forte cultura de gorjetas, em boa medida pela má remuneração os trabalhadores. Use os mesmos parâmetros dos Estados Unidos no hotel e para guias e motoristas de excursões. Apenas nos restaurantes que incluem 10% de taxa de serviço na conta (confira), não é preciso gratificar.

Na Argentina, evite pedir troco ao taxista, por causa do problema das notas falsas. Tenha dinheiro trocado, arredonde o valor e está dada a gorjeta. Dê 10% em restaurantes se a conta vier com o aviso de que a taxa de serviço não está incluída; faça o mesmo no Chile. No Peru, quase não há cultura de gorjetas; pode dar 10% apenas aos serviços excepcionais e os pequenos restaurantes familiares. 

Você sabe o que pode trazer na mala de viagem? 

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