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Daqui para frente, tudo será novidade. Bem-vindo à Mongólia

(Pouco) conhecido principalmente pelos feitos de Gêngis Khan, país começa a se abrir para o mundo. Sorte nossa

Por Monica Nobrega
Atualização:

"O que você sabia sobre a Mongólia antes de vir aqui?" A pergunta do guia turístico Uugii tem todo o jeito de não passar de uma formalidade simpática. Ele tem certeza: para a maior parte do mundo não-asiático, os nômades e o nome Gêngis Khan são as únicas referências a respeito de seu país. Esse começo de conversa não é um desafio, mas um convite para que o visitante relaxe e perceba que, dali para a frente, quase tudo será novidade. Veja também: Ulan Bator, a capital que se deslocou Budismo meio diferente para encher os olhos Jeito exclusivo de ver o mundo Quatro inacreditáveis dias no Gobi E haja novidade. Três vôos entre São Paulo e a capital Ulan Bator, 11 horas a mais em relação a Brasília, um idioma absolutamente incompreensível e muitas áreas de natureza intocada sem nenhuma infra-estrutura fazem dessa jornada um desafio para corajosos. Ir à Mongólia é para quem tem uma genuína curiosidade pelo novo. Os dias por lá são menos de mordomias e mais de solidão, de paisagens incríveis e de contato com a simpatia extrema dos moradores. Setembro é o melhor mês para a viagem, quando o calor de até 40 graus do verão já diminuiu bem, mas ainda não chegou o frio intenso do fim do ano, época em que a temperatura pode chegar a 30 graus negativos. Localizada no centro do formigueiro humano que é a Ásia, a Mongólia é um verdadeiro vazio. São apenas 2,5 milhões de pessoas, equivalente à população de Salvador, na Bahia, espalhadas em um território com o mesmo tamanho de toda a Região Nordeste brasileira. Significa que sobra terra para os habitantes mudarem de um lado para outro ao sabor das estações do ano e das necessidades da sobrevivência, como vêm fazendo há séculos. Alguns trocam de "endereço" até 20 vezes a cada ano. Outros procuram voltar sempre aos mesmos locais. Talvez seja esse o lado mais surpreendente e difícil de compreender. A cultura nômade é o que faz da Mongólia um lugar tão único e tão difícil de comparar com os vizinhos famosos, China e Rússia. História também é o forte por lá, embora o registro pelos métodos comuns - livros, museus, monumentos - ainda deixe a desejar. Conversar com os nativos é a forma de chegar mais perto desse conhecimento transmitido principalmente pela tradição oral. Qualquer mongol conta, orgulhoso, supostas passagens da vida de Gêngis Khan, o guerreiro das estepes que transformou a Ásia e parte da Europa Oriental em Império Mongol no século 13. Ele é o herói nacional e batiza do aeroporto à cerveja - a ótima Chinggis. Aliás, aprenda desde já que o nome do conquistador é Chinggis Khan (pronuncia-se tchinguis ram). Os resquícios do comunismo russo, regime ao qual o país aderiu em 1921 e que só abandonou no começo da década de 1990, são a característica mais marcante na arquitetura e no comportamento das pessoas na capital, Ulan Bator. O entusiasmo com o desenvolvimento da Coréia do Sul (a China provoca reações, digamos, controversas, e a inimizade entre os dois países é histórica), a efervescência consumista na capital e os primeiros sinais de modernização deixam no visitante uma sensação de que a liberdade é algo novo por lá. E é mesmo. A liberdade religiosa, por exemplo, só foi recuperada com o fim do regime comunista e, desde então, monastérios arrasados vêm sendo reconstruídos e o budismo faz força para recuperar influência e prestígio (leia mais na página 12). CURIOSIDADE Os ocidentais são alvo de bastante curiosidade. Na cidade, vendedores ambulantes que já aprenderam a perguntar "where are you from?" abordam os forasteiros com o objetivo de vender desenhos feitos com grafite, mas também topam uns minutos de conversa, mesmo que seja pela linguagem dos gestos. Nos passeios pelo interior, o turista inevitavelmente receberá a visita de moradores da área, que chegam a cavalo ou de moto e querem ver tudo, da barraca ao interior do carro. É impossível não notar a diferença de comportamento dos jovens em relação a quem tem mais de 30, 40 anos. Entre os que têm contato com estrangeiros, está ganhando força o hábito de adotar apelidos ou nomes ocidentais. Uugii é, na verdade, Unenkhuu Urubanyamba, empresário de 28 anos que morou nos Estados Unidos e na Rússia, fala os idiomas dos dois países e diz montar qualquer roteiro na Mongólia. Como ele, pertencem à nova geração boa parte dos empreendedores da área de turismo. Uma indústria que cresce 15% ao ano, segundo dados oficiais, com a abertura de agências, restaurantes e clubes noturnos, e com a criação de roteiros e de eventos culturais como o Playtime Rock Festival, que reuniu bandas locais no fim de semana. Para a alegria dos viajantes, os mongóis estão aprendendo a tirar proveito das belezas do país. E de sua própria vontade de crescer e aparecer. Viagem feita a convite da Land Rover Brasil. Na Mongólia, ocorrerá a final da competição G4 Challenge (www.landroverg4challenge.com)

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