De Havana ao Haiti, sem sair de Miami

Bairros étnicos oferecem um mergulho em sabores e tradições latino-americanas

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Por Redação
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Pedro Bello faz pose em frente sua loja de charutos em Little Havana Foto: Felipe Mortara|Estadão

Miami tem todas as caras e culturas. Entretanto, seja pela proximidade geográfica ou afetiva, Cuba parecer ter a própria filial na cidade: Little Havana. Tudo começou em 1956, quando a elite cubana desembarcou por ali após a tomada do poder na ilha pelos comunistas.

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Parado tal e qual um boneco de cera com chapéu de caubói na porta de sua loja de charutos, o caricato Pedro Bello, de 71 anos, acende mais um ‘puro’ e bota para fora a fumaça branca. Posa sereno para os cliques dos turistas e é uma das atrações de Little Havana, o mais célebre dos bairros imigrantes de Miami. Ali na Cuba Tobacco Cigar são enrolados aos olhos dos visitantes o maior produto de exportação da ilha.

Caminhe pela Calle Ocho, a principal, e descubra a Calçada da Fama que homenageia celebridades cubanas. Mais alguns passos levam ao Parque Máximo Gómez. Despreocupados, senhores e algumas poucas senhoras batem papo em espanhol enquanto jogam dominó. Visitantes e cliques são bem-vindos.

A cinco quadras dali, o Cuban Memorials abriga monumentos em homenagem a combatentes mortos na Guerra da Independência Cubana (1895– 1898) e na Invasão da Baía dos Porcos (1961). No mesmo espaço, há uma estátua do político e poeta cubano José Martí (1853-1895), criador do Partido Revolucionário Cubano (PRC). E também uma enorme ceiba no centro da praça, considerada milagrosa por seguidores da santería.

Moradores se reúnem para jogar dominó em Little Havana Foto: Felipe Mortara|Estadão

Para entender a alma do bairro, o Cuba Ocho é um misto de centro comunitário e galeria de arte. Lembra os bares de charuto de Havana, com a parede forrada de réplicas de obras clássicas e vanguardistas da arte cubana. Aos fins de semana, há música ao vivo, exibições de filme e teatro.

Se a fome bater, o conhecido Versailles serve, desde 1971, uma espetacular zarzuela de mariscos (US$ 25,95), caldeirada com lagosta, mexilhão, camarão e lula em um cremoso molho de tomates. Um pouco menos manjado, o La Carreta, oferece um menu parecido, com clássico cubanos como o ropa vieja (US$ 10,75) – carne assada com cebola, alho, pimenta dedo de moça e vinho com chips da banana.

Vizinhança. Nos anos 1970, durante a ditadura argentina, houve um grande afluxo de hermanos. Muitos firmaram residência em Northern Miami Beach e Normandy Isle, conhecida também como Little Argentina e repleta de cafés com ares de Buenos Aires.  No entanto, o que há de mais exótico é Little Haiti. O bairro fala muito francês e, principalmente, creole. O Little Haiti Cultural Center (littlehaiticulturalcenter.com) reúne a comunidade em aulas de música, dança, exibições de arte – inclusive da Art Basel –, teatro e cinema. É um espaço vivo, que fervilha ainda mais na Big Night, festa de rua realizada toda terceira sexta-feira de cada mês, das 18 às 22 horas. É a chance de provar uma deliciosa comida caribenha e ter contato com música e artesanato típicos.

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