Deserto do Atacama: o que você precisa saber

Uma semana é o tempo ideal para ver com calma as atrações e deixar o corpo se aclimatar com a altitude

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Em agosto de 2016 surgiu uma nova forma de observar o Atacama: de balão. O tour dura em torno de 1 hora e custa US$ 300 Foto: Juan Jaeger/Divulgação

Do avião, partindo de Santiago em direção à cidade de Calama, no norte do Chile, a visão da Cordilheira dos Andes muda drasticamente ao longo das duas horas de voo – os picos nevados vão diminuindo até tudo ficar marrom. É apenas uma dica do que vamos encontrar em nosso destino: o Deserto do Atacama, considerado o mais seco do mundo. Em Calama, a extrema aridez causa impacto à primeira vista. 

Nos próximos 100 quilômetros de estrada até San Pedro de Atacama, a pouca vegetação é de um verde desbotado, arbustos que vão se perdendo no terreno com pedras. No povoado, a umidade zero é sentida na pele logo na chegada. O lugar serve de base para os passeios no deserto e concentra hospedarias – de albergues a hotéis de luxo –, agências de turismo, restaurantes e lojas de artesanato. 

Como nos demais povoados da região, este cresceu ali por causa da presença de água. O Rio San Pedro, abastecido pelo degelo da cordilheira, garante água o bastante para os moradores e para pequenas plantações, sobretudo de alfafa, usada para alimentar animais. A chuva é rara e chega somente entre fevereiro e março, durante o chamado inverno altiplânico. Em cerca de 340 dias do ano, o céu é limpo. De dia, raras nuvens aparecem; à noite, fica coalhado de estrelas.

Não à toa, o deserto foi o local escolhido para a instalação de centros de observação dos astros de diversos países e do projeto multinacional Alma, maior observatório do mundo. Não só as características do clima favorecem o estudo do espaço ali, já que a secura impede a formação de nuvens, mas também a ausência de poluição e a pouca iluminação artificial. Turistas podem aprender sobre planetas, nebulosas e constelações em um tour astronômico oferecido por agências e hotéis.

No nosso caso, fizemos o tour no hotel, o Alto Atacama. Às 22 horas, todos se reúnem no lobby para seguir até a plataforma de observação. Antes de ir, o guia reforça a recomendação de vestir um agasalho mais pesado: os brasileiros costumam reclamar do frio, diz. Uma jaqueta corta vento e um gorro são bem-vindos. 

A observação dura cerca de uma hora e começa a olho nu, sob orientação de um guia que indica as estrelas com ajuda de uma caneta laser. Depois, o momento mais esperado: podemos usar o telescópio. Naquela noite vimos Marte, ainda maior e mais brilhante pela lente, e Saturno.

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Nas alturas. O sol só aparece depois das 7 horas da manhã (em compensação, às 20 horas ainda é dia claro). É por volta das 6 horas, quando ainda nem começou a clarear, que partimos para um passeio novíssimo: um voo de balão pelas redondezas de San Pedro, que começou em agosto. 

Depois de um desjejum rápido, com biscoitos, café e leite, nossa piloto, a australiana Elly, passa as instruções de segurança com firmeza e enche de confiança quem, como eu, estava um pouco apreensivo com a primeira experiência em um balão. Ao chamado de “todos a bordo”, os 16 aventureiros sobem ao cesto. Com exceção de alguns gritos de exclamação, o silêncio cresce à medida que o balão sobe; só se ouve o barulho das chamas controladas pela piloto que enchem o balão. 

Sobrevoamos uma região plana nas bordas do povoado cercada pelas Cordilheiras Domeyco e dos Andes. O vulcão Licancabur está sempre à vista. Quando o sol finalmente nasce, estamos a cerca de 600 metros de altura. Nesse momento, já não há sombra de preocupação com o passeio, o balão segue suave enquanto o grupo de viajantes – falando inglês, francês, espanhol e português – não cansa de fotografar. 

O voo custa US$ 300 e pode durar até uma hora, conforme as condições do vento. Para nossa tristeza, o vento nos levava em direção ao Vale da Lua, onde o sobrevoo não é permitido, e tivemos de descer em apenas 30 minutos. Pousamos tranquilamente, seguindo a orientação da piloto de sentar e segurar as cordas de apoio. Ela já havia alertado que não é raro que, nesse momento, o cesto do balão quique ou mesmo tombe. Em terra firme, brindamos com espumante depois de derrubar algumas gotas na areia para honrar a Pachamama, a mãe terra na crença inca. Ver o deserto de cima: que bela maneira de começar o dia.

VIAGEM A CONVITE DA LATAM, DO TURISMO CHILE E DO ALTO ATACAMA HOTEL 

O QUE LEVAR

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Para o dia À tarde, faz calor – bermuda e camiseta são bons companheiros. Protetor solar e labial, hidrante para o rosto e para as mãos devem estar sempre com você. Boné e óculos escuros são fundamentais. Roupa de banho para as piscinas e termasPara a noite Nada de salto alto: à noite, a temperatura cai cerca de 20 graus e você vai precisar de gorro, luvas, cachecol e casaco corta-vento. Vista-se em camadasPara os passeios Uma mochila pequena ajuda a acomodar o tira e põe de roupas. Use bota ou tênis para caminhada e tenha uma garrafa d’água sempre à mão. Soro fisiológico para o nariz e colírio ajudam a diminuir o desconforto causado pela baixa umidade

SAIBA MAIS

Aéreo: SP-Calama-SP, com conexão em Santiago: em dezembro, a partir de R$ 2.279,07 na LatamAltitude: San Pedro está a 2.300 mil metros acima do nível do mar e há passeios que chegam a 5 mil. Há quem experimente falta de ar, dor de cabeça e enjoo. Beba muito líquido, evite álcool e prefira comidas leves. Há remédios específicos para o mal de altitude, mas aspirina ajuda – peça orientação a seu médico

Bebidas alcóolicas: Em San Pedro, bebidas alcoólicas nas ruas são proibidas e não há bares. Nos restaurantes, para beber, é preciso consumir alimento. Para se refrescar, há sorveterias perto da praça da igreja, onde turistas usam o Wi-Fi livre

Dinheiro: Troque dólares (ou reais) por pesos chilenos já em Santiago – a maioria das lojas de artesanato só trabalha com moeda local e não aceita pagamento com cartão. Em caso de emergência, nas ruas centrais de San Pedro há algumas casas de câmbio

ONDE FICAMOS

Entre montanhas de terra marrom, o Alto Atacama Desert Lodge & Spa tenta se mimetizar com a paisagem. Do bloco de entrada ao dos quartos, tudo tem a cor do entorno e lembra algumas das casas locais, feitas de adobe, uma mistura de barro e palha que contribui para o conforto térmico. 

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À noite, para andar entre uma construção e outra, espere um pouquinho para a vista se acostumar com a escuridão: propositalmente, a iluminação é feita apenas por pontos de luz no chão; assim, é possível admirar o céu estrelado. Entre um passeio e outro, arrume um tempo para ficar à beira de uma das piscinas ou mesmo para um mergulho – uma delas é aquecida. 

O hotel fica a 10 minutos de carro da rua principal de San Pedro de Atacama e oferece bicicletas para os hóspedes (são menos de 30 minutos de pedaladas). O sistema é all-inclusive, com passeios e refeições. Diárias a partir de US$ 650 o casal.

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