Em Ilhabela, caiçaras de Castelhanos lançam roteiro ‘raiz’

Visita à icônica Praia de Castelhanos mudou: roteiros são formatados e operados pelos próprios caiçaras, com foco em preservação e tradições

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Por Larissa Godoy
Atualização:
Na rede. Técnica de origem japonesa conhecida como cerco é usada no local desde 1920 Foto: Alex Damico

A praia de Castelhanos, em Ilhabela, acaba de lançar o projeto Turismo de Base Comunitária. Formatados e operados pelas seis comunidades caiçaras que vivem na Baía de Castelhanos, os programas destacam a pesca, a gastronomia e o artesanato típicos dessas populações. Castelhanos é um dos pontos mais cobiçados por turistas na ilha no litoral norte paulista, pela dificuldade de acesso, a preservação da Mata Atlântica e a imersão na natureza que proporciona.  Os roteiros “raiz” oferecidos no projeto foram planejados com base nas ideias das próprias comunidades, que decidiram quais lugares e aspectos culturais são interessantes para mostrar aos visitantes. Há trilhas pela floresta com cinco níveis distintos de dificuldade, banhos de cachoeira, oficinas de rede e cestaria, passeios de barco e canoa e rodas de conversa sobre cultura e tradição com os homens e mulheres mais velhos das famílias locais.

Antes, era um turismo de sol e praia. Os turistas eram levados às comunidades e não interagiam, não tinham uma experiência.

Daniella Marcondes, turismóloga e porta-voz do projeto

A pesca é uma das atividades protagonistas: em Castelhanos, ela é feita segundo uma técnica japonesa conhecida como cerco, praticada desde a década de 1920 e que depois se espalhou pelo litoral paulista.  A ideia do projeto é tornar o turismo na área sustentável, integrar e beneficiar economicamente os moradores e proporcionar um tipo de viagem mais completo. “Antes, era um turismo de sol e praia. Os turistas eram levados às comunidades e não interagiam, não tinham uma experiência”, afirmou a turismóloga Daniella Marcondes, ilhabelense e porta-voz do projeto.

Isolamento.Sem internet, baía convida à contemplação Foto: Associação Castelhanos Vive

Pacotes. Os roteiros formatados contemplam desde visitas de apenas um dia, para quem prefere pernoites na área mais urbanizada de Ilhabela, até três noites. Os preços vão de R$ 195 a R$ 850 por pessoa, com passeios e hospedagem.  Há a possibilidade de montar seu roteiro sob medida, escolhendo entre as opções no site do projeto (castelhanos.org).  A visita independente à Praia de Castelhanos continua sendo possível – inclusive com hospedagem nos campings (R$ 30 por pessoa, por noite) e nos chalés (desde R$ 200 por noite, para duas pessoas). Mas os moradores elaboraram um documento com regras de visitação que pede para que turistas contratem um guia local para caminhar pelas comunidades, peçam autorização antes de fotografar pessoas e casas e evitem sons que perturbem a vida dos habitantes e causem impactos nos animais. Ou seja, deixe em casa aquela caixinha que sonoriza a praia ou o camping inteiros. Como chegar. A estrada parque que leva a Castelhanos é parte do folclore de Ilhabela. Dura 1h20 e só é possível atravessá-la em veículos 4X4 (agências da cidade oferecem a travessia) e nos horários permitidos: 7h às 14h, no sentido Castelhanos, e 15h às 18h, no sentido Centro. Para carros particulares, o estacionamento operado pelas comunidades é obrigatório e tem 42 vagas.

Saiba mais

Reservas: castelhanos.org Recomendações: para informações e reservas, entre em contato com antecedência; a internet em Castelhanos é limitada e a resposta demora dias. Leve repelente (sim, tem borrachudo) e dinheiro em espécie.

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