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De volta à Arca de Noé: vista do Monte Ararat é obrigatória na Armênia

Símbolo nacional, monastério de Khor Virap é um dos pontos do país onde visitantes conseguem chegar mais perto do cenário bíblico

Por Armando Favaro , Renata Tranches , Textos e Fotos
Atualização:
Turista solta uma pomba no Mosteiro de Khor Virap, próximo do Monte Ararat que, segundo a bíblia, é o local onde a arca de Noé aportou após o dilúvio Foto: Armando Fávaro/Estadão

ARTASHAT - O monastério de Khor Virap é um símbolo na Armênia. Não apenas porque abrigou a prisão subterrânea de Gregório, o Iluminador, primeiro patriarca da igreja do país, mas também por ser um dos pontos em que visitantes conseguem chegar mais perto do bíblico Monte Ararat, um gigante imponente na paisagem, visível de vários pontos do país, inclusive da capital Erivan.

 

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Apesar da proximidade com o mosteiro, o Ararat fica em território turco. A fronteira foi definida pelo Tratado de Kars, de 1921, negociada entre turcos e soviéticos pouco depois de proclamada a República Soviética da Armênia. E sua importância está ligada ao episódio do grande dilúvio descrito pelo Gênesis da Bíblia: diz-se que foi ali que ficou encalhada a Arca de Noé. Quem crê vai gostar de saber que no museu da Catedral de Echmiadzin está o suposto único pedaço fossilizado da arca.

 

O Khor Virap está a 15 quilômetros da montanha. Foi construído no século 3.º e é, hoje, ponto turístico e de peregrinação. Antes de se tornar mentor religioso do rei Tiridates III e de ajudá-lo na conversão do país ao cristianismo, Gregório foi mantido no calabouço por 13 anos e, segundo a lenda, só sobreviveu graças a ajuda de uma benfeitora que jogava para ele água e comida, escondida do monarca.

 

É possível visitar a masmorra de 4,4 metros, a uma profundidade de 6,5 metros, desde que você não seja claustrofóbico. O único acesso é uma escada metálica por uma passagem estreita o suficiente para o corpo de um adulto. Sobre o calabouço foi erguida a igreja de São Gregório, no século 17, e, ao lado, a igreja à Virgem Santíssima, do mesmo período. 

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O complexo está cercado por belíssimas muralhas de pedras, onde também há pontos de observação para o Ararat, locais onde as centenas de peregrinos que visitam o local diariamente podem soltar pombos comprados de comerciantes na entrada do mosteiro e posar para fotos. 

Cegonhas. A região do Ararat, cuja principal cidade, Artashat, já foi capital da Armênia, é uma das mais férteis do país. Na chegada a Khor Virap, o visitante é contemplado com uma paisagem colorida de vários tons de verde das plantações de frutas, especialmente parreiras de pequenos produtores que fazem seu próprio vinho.

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Nos vilarejos ao redor, uma cena chama a atenção: os ninhos gigantes de cegonhas sobre as casas dos moradores. Em razão dos poços de criação de peixe na região, moradores se habituaram com a presença dessas aves, que constroem tranquilamente seus ninhos sem serem incomodadas. Quase toda casa tem sua própria cegonha. 

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GRUTAS ABRIGAM MONASTÉRIO E PROMESSAS DE AMOR

Em direção ao leste, a 35 quilômetros da capital Erivan, está uma das mais intrigantes construções religiosas da Armênia. O Monastério de Geghard, fundado no século 4º e hoje patrimônio da humanidade da Unesco, foi parcialmente escavado nas rochas. Por tal sistema de construção, chamou-se Ayrivank, ou Monastério da Cova. Depois, com estruturas refeitas ao longo dos séculos, virou o Geghardavank, Monastério da Lança – porque acreditou-se que o lugar teria abrigado a lança que feriu Cristo, levada à Armênia pelo apóstolo Tadeu, durante o século 13. 

A igreja principal é de 1215. Há um mausoléu da nobre família Proshyán, que financiou a obra. No fim do dia, o complexo de salas sem nenhuma iluminação artificial fica um pouco sombrio. Em uma das grutas, casais amarram fitas e lenços em arbustos.

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Os jornalistas viajaram a convite do governo da Armênia.

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