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Florença: a capital da Toscana floresce

Florença ficou na berlinda em fevereiro quando seu prefeito, Matteo Renzi, de 39 anos, tornou-se o primeiro-ministro mais jovem da Itália. Mas a capital toscana que ele deixou para trás parece florescer.

Por INGRID K. WILLIAMS e FLORENÇA
Atualização:
Panini recheado de estômago bovino picado é um clássico da comida de rua local Foto: ALEXANDRA GARCIA/NYT

Ícones que estavam negligenciados foram reaproveitados como espaços culturais. Neste ano, o histórico Mercato Centrale inaugurou um novo piso com bancas dos principais artesãos culinários da região e uma casa de ópera ultramoderna começou a abrigar espetáculos regulares. Enquanto isso, uma série de inaugurações recentes - bares, butiques e restaurantes escondidos dos turistas - sugere que a trajetória ascendente da cidade não vai mudar de curso tão cedo.

/ TRADUÇÃO DE CELSO PACIORNIK

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SEXTA-FEIRA

Rei do camarote

Para admirar a silhueta florentina - os telhados de terracota e a cúpula graciosa do Duomo - sem ter de disputar com as multidões esbaforidas, suba ao Forte di Belvedere, uma imponente fortificação projetada por Bernardo Buontalenti no século 16. Após ficar fechado por seis anos, o forte reabriu em 2013 para expor as esculturas ousadas do artista chinês Zhang Huan. 

Sangiovese na calçada

À sombra do Palácio Pitti, pausa para uma taça de sangiovese na Enoteca e Cantina Pitti Gola, um elegante barzinho de vinho com um punhado de mesas com tampo de mármore e prateleiras forradas de garrafas de variedades finas e produção limitada. Em tardes cálidas, beberique sentado numa cadeira na calçada. Adiante, na mesma rua, Le Volpi e l'Uva é outra enoteca com mesas ao ar livre numa pequena praça com calçamento de pedras. A lista de vinhos vendidos por taça tem mais de 30 rótulos selecionados de toda a Itália.

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'Cucina' chique

Numa cidade onde garrafas empoeiradas de Chianti definem a decoração de restaurantes, encontre uma trégua no Cucina Torcicoda, um lugar chique inaugurado há um ano perto da Piazza Santa Croce. Dentro, cinco estabelecimentos distintos, incluindo sorveteria, pizzaria e loja de comida, abrigados em salas interligadas. Siga os florentinos elegantes até o ristorante para se refestelar em bottarga (ovas) com camarão (16 euros ou R$ 50) e confit de leitão (22 euros ou R$ 69) sob tetos abobadados. Abra mão da sobremesa em favor de uma passada na Gelateria dei Neri, loja artesanal perto dali que serve cremosos sorvetes de caramelo e pistache.

Cultura livre

As sombrias muralhas de pedra de Le Murate, prisão do século 15, ocultam sua encarnação atual como um aconchegante centro de cultura contemporânea. No complexo, há pouco reformado, fica o Caffè Letterario, que, desde sua inauguração em 2011, abriga palestras, leituras de poesia, performances e filmes. Há concertos gratuitos nos fins de semana. Peça um negroni e saia para se misturar à multidão no pátio. 

SÁBADO

Joia oculta no desjejum

Os que lamentam que não sobraram joias ocultas em Florença não saltaram de um ônibus para a Pasticceria Giorgio, uma loja de massas no bairro residencial Soffiano, na zona oeste da cidade. Os moradores enfrentam filas por massas recém-cozidas, brioches lustrosos e mil-folhas recheados com creme de ovos. Junte-se à multidão para um cappuccino matinal e, quando disponível, uma fatia de schiacciata alla fiorentina, bolo macio com sabor de laranja que é uma especialidade sazonal.

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Colheita recente

Visite um museu centrado em arte italiana de safra mais recente. O Museo Novecento (8,50 euros ou R$ 27) abriu em junho em um complexo reformado de frente para uma novamente bela Piazza Santa Maria Novella, restaurada recentemente. As exposições são dedicadas a obras do século 20, como uma pintura de Emilio Vedova que é vista ao som da música do compositor Luigi Nono. Um terraço no telhado serve como sala de exibição, mostrando cenas de Florença em filmes feitos de 1916 e 1999.

Sanduíches à escolha

Se a qualidade do panini for inversamente proporcional ao tamanho da loja, então o Semel serve alguns dos melhores sanduíches da cidade. Procure pela fachada do tamanho de uma caixa de sapato ao lado do mercado Sant'Ambrogio e peça a opção com arenque, pecorino e tomates. Seis variedades criativas mudam diariamente. Ainda com fome? Vá ao carrinho na rua Polliuni dobrando a esquina para um preparo estelar do panini al lampredotto, clássico florentino feito de estômago bovino picado e coberto de cheiro verde.

Dos pés ao perfume

A Via della Spada atrai compradores com suas pequenas e criativas lojas. A MiO Store está repleta de achados divertidos, como alto-falantes de iPhone de madeira e placas de rua adornadas com caricaturas de Clet, um conhecido artista local. Portas adiante, a Antica Officina del Farmacista Dr. Vranjes está cheia de frascos elegantes de um perfume de fabricação própria com aroma de tuberosa e romã. E, num beco próximo, o showroom do Il Micio expõe sapatos masculinos de Fukaya Hidetaka, artesão de origem japonesa educado na Toscana cujos sapatos e sandálias de monge, feitos sob medida, são costurados à mão numa oficina do outro lado da rua.

Sabor em equilíbrio

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Cruze o rio até o Oltrarno, o bairro boêmio da cidade, para um jantar no Il Santo Bevitore, um restaurante que choca pelo equilíbrio entre tradicional e moderno, casual e formal. O interior rústico é iluminado por luz de vela e a lista de vinhos tem excelentes tintos toscanos. Quanto à comida: tortellini feito na casa, bife tartar com legumes frescos e tábuas de degustação de prosciutto, salame e queijo pecorino de leite cru. Um jantar para dois sai por cerca de 75 euros (R$ 234).

Goles finais

Para beber cerveja artesanal italiana, o pub Archea Brewery (Via de Serragli, 44) é um pub que abriu no Oltrarno em 2012. Dez torneiras servem a bebida do próprio Archea e de microcervejarias de produtores em constante mudança, como a LoverBeer, do Piemonte. 

DOMINGO

Caminhada até a torre

Faça uma caminhada dominical pela margem sul do Rio Arno, um ícone de Florença, em direção ao atraente bairro San Niccolò, com objetivo definido: admirar a Torre di San Niccolò, do século 14, cuja visitação foi aberta ao público em 2011, após reformas importantes. Tours são oferecidos somente à noite nos meses de verão.

Cotovelos no balcão

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Quando a fome der o ar de sua graça, é hora de se entregar ao deleite dos prazeres simples do Zeb Gastronomia, um restaurante informal que brotou dentro de uma antiga rotisserie. O espaço branco estiloso se enche de comensais que se acotovelam em balcões para sopas, cozidos e comida toscana tradicional, todos satisfatórios. 

Não há menus escritos, mas o proprietário Alberto Navari e sua mãe, Giuseppina, são anfitriões maravilhosos, vertendo alegremente vinho e recitando pratos especiais. Um almoço recente incluiu talharim coberto por raspas de trufas brancas, ravióli aromatizado com laranja em um esplêndido molho de maçã e erva-doce, e ensopado italiano de carne bovina guarnecido com cacau. Refeição para dois por cerca de 40 euros (R$ 125).

Produtos Gucci

Quase um século atrás, Guccio Gucci fundou uma loja de artigos finos de couro em Florença; hoje, suas iniciais entrelaçadas adornam bolsas, cintos, tênis e até automóveis mundo afora. Para aprender sobre a ascensão da grife de luxo, vá ao novo Museo Gucci, abrigado em um palácio histórico na Piazza della Signoria (entrada 7 euros ou R$ 22). O museu exibe todas as coisas Gucci, de bolsas vintage com cabo de bambu a vestidos de tapete vermelho usados por estrelas do cinema nos dias de hoje. Termine o passeio com uma parada no café do museu, cujo elegante terraço é agora um lugar para ver e ser visto naquela que pode ser a mais bonita praça de Florença.

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