GEORGE TOWN - Do alto, ao sobrevoar as ilhas, a paleta de cores já enche os olhos. Com pinceladas maestrais, o degradê na imensidão azul-turquesa não deixa dúvidas: o Caribe é aqui. Logo na chegada em terra firme, o quadro da rainha Elizabeth II no pequeno saguão do aeroporto, que mais parece um chalé, e as placas de “não se esqueça de dirigir à esquerda” entregam se tratar de uma colônia britânica.
A fama vem de bancos e offshores, mas a cara do destino não poderia estar mais longe de homens engravatados carregando malotes de dinheiro. Para além do estigma de paraíso fiscal, as Ilhas Cayman são um verdadeiro refúgio: um Caribe sofisticado e desconhecido.
Situado entre Cuba e a Jamaica, o arquipélago, descoberto em 1503 por Cristóvão Colombo e composto por três ilhas, batizadas por ele de Las Tortugas, oferece ao turista águas cristalinas, praias de areia branca, uma rede hoteleira de luxo, lojas de grife e gastronomia de dar água na boca. Para além do glamour de quem procura o ápice do conforto, a colônia britânica, envolta por histórias lendárias de piratas, também abre os braços para aventureiros que procuram mergulho – afinal, o arquipélago figura entre os cinco melhores destinos para se mergulhar no mundo –, escalada ou apenas desejam curtir as férias com sossego.
O destino, no entanto, ainda é conhecido por poucos brasileiros. Dos cerca de 345 mil turistas que visitaram as Ilhas Cayman por via aérea em 2016, apenas 586 eram brasileiros. O número se apequena pelo fato de o arquipélago ser vizinho de um dos destinos com mais presença verde e amarela. Boa parte das centenas de milhares de brasileiros que visitam Miami todos os anos mal sabe que está a dois passos do paraíso – mais precisamente, a apenas uma 1h20 de voo de Grand Cayman, a ilha maior, com 35 quilômetros de comprimento e 50 mil habitantes.
Além da bolha.
A maioria dos turistas que visita a ilha vem de cruzeiros, que aportam na capital George Town. No entanto, boa parte desses roteiros reservam só um dia para Cayman – pouco perto da riqueza de experiências que o país tem a oferecer. Apesar de compartilhar das mesmas águas mornas e translúcidas de outros destinos caribenhos, como Punta Cana e Cancún, as Cayman, mesmo contando com luxuosas redes hoteleiras, se diferenciam por escapar do famoso modelo all-inclusive. A ideia é que o turista fure a bolha do resort e explore as ilhas ao máximo, uma vez que o turismo é a segunda maior fonte de renda do país, logo atrás (adivinhe?) dos serviços financeiros. Esse arranjo encarece um pouco a viagem, mas proporciona um leque infinito de opções para todos os gostos e perfis.
Atrações não faltam. É possível desfrutar de praias convidativas, nadar com arraias, acariciar tartarugas e golfinhos, fazer mergulho em corais, submarinos e navios naufragados, visitar cavernas milenares, relaxar em spas e provar combinações inesquecíveis de frutos do mar em restaurantes capazes de agradar até os paladares mais exigentes.
Quem procura ainda mais tranquilidade pode fazer um rápido voo a Cayman Brac e a Little Cayman – “a irmã do meio e a caçula”, como dizem os locais –, com 19 e 16 quilômetros de largura, respectivamente. A viagem é um espetáculo à parte, com uma panorâmica de tirar o fôlego. De Cayman Brac para Little Cayman, são apenas cinco minutos.
É nas “Tortugas” irmãs que se vê o lado mais selvagem das Cayman, com mergulho e cavernas. Sabe aquele degradê azul? É lá mesmo.
SAIBA MAIS
Aéreo:
Não há voos diretos para as Cayman – é preciso fazer conexão nos Estados Unidos. Pela
, via Miami, custa a partir de US$ 2.279 em março. O voo de Grand Cayman para Cayman Brac dura 30 minutos e custa US$ 100, ida e volta, pela
.
Moeda:
o país tem moeda própria, o dólar cayman (sinalizado como CI$ ou KYD). Em média, ele vale 20% a mais do que o dólar americano (US$ 1 = CI$ 0,8). O comércio aceita dólares americanos (a conta vem nas duas moedas), mas o troco vem na moeda local.
Site:
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*A repórter viajou a convite do departamento de turismo das Ilhas Cayman.