Japão, colorido e delirante o ano todo

Embora a época da florada das cerejeiras (hanami) seja a mais disputada, o outono se mostrou uma boa escolha para visitar o país. Confira nosso roteiro, que passa por Kyoto, Tóquio, Koyasan, Osaka...

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Por Adriana Moreira
4 min de leitura
Templo Kiyomizu-dera, em Kyoto, no histórico bairro de Higashiyama Foto: Adriana Moreira/Estadão

Todos sentados do lado esquerdo do trem-bala que nos levaria de Kyoto a Tóquio, exatamente como recomendam os bons guias de viagem. São os melhores lugares para quem quer ver o Monte Fuji, símbolo do Japão, no trajeto de aproximadamente 2 horas. O dia claro de outono parecia perfeito para avistá-lo, e os celulares e máquinas fotográficas estavam a postos para qualquer sinal dele. Yuki, nossa guia que mora no Japão, mas já viveu no Brasil, explicou que ele deveria surgir no horizonte depois de 1h20 de viagem. Mas não, Fuji-San, como os japoneses se referem carinhosamente a ele, não se mostrou naquele dia. 

Tóquio era a última parada de uma viagem de dez dias pelo Japão. Já havíamos passado por Osaka, Koya-san e Kyoto, em uma aventura que certamente mereceria um tempo maior. 

Embora o Japão seja cobiçado especialmente durante a florada das cerejeiras, normalmente entre o fim de fevereiro e o começo de março, o outono se mostrou uma grata época para desbravar o país. O colorido das folhas em tons de vermelho, laranja, amarelo e algum verde, nos acompanhou em todo o trajeto, oferecendo um espetáculo contínuo. Além disso, o clima ameno e o fato de não se tratar de alta temporada foram bônus bem-vindos – ainda assim, as principais atrações de Kyoto e Tóquio apresentavam filas constantes, o que nos fez pensar que, durante o hanami (a florada das cerejeiras), alguns trajetos seriam inviáveis.

A expectativa é que até os Jogos Olímpicos, daqui a três anos, o fluxo de turistas aumente ainda mais. Segundo Keita Kadowaki, do órgão de promoção de Turismo do Japão, a ideia é que, dos atuais 20 milhões de visitantes, o Japão chegue a 40 milhões ao ano até 2020. 

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Para isso, estão listadas medidas como a abertura de novos escritórios promocionais pelo mundo e a diversificação de destinos turísticos. Além disso, há um esforço notório em ampliar as informações em inglês em placas de orientação e pontos turísticos e também em formar cidadãos bilíngues. Embora todas as escolas ensinem inglês, os japoneses se sentem inseguros para falar o idioma. Ainda assim, sempre que precisei pedir ajuda fui atendida – mesmo que a explicação viesse apenas em gestos, e não em palavras.

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Árvores de ginkgo espalham suas flores amareladas por toda Avenida Icho Namiki no outono Foto: Adriana Moreira/Estadãi

Para o viajante independente, é possível explorar sozinho grandes cidades, como Tóquio e Kyoto, em que há avisos em inglês nas atrações (e uma série de aplicativos para ajudar). Os maiores desafios estão pelo interior – ainda assim, sorrisos, bom dias (konichiwa) e paciência vão levá-lo a qualquer lugar. Literalmente: muitas vezes, o turista é conduzido pela mão até o lugar desejado. Há muitos “Japões” dentro do Japão, mas a cordialidade e o cuidado com o outro são comuns aonde quer que se vá.

Fuji-san, por sua vez, parece não estar muito preocupado com os turistas. Segue se mostrando só quando tem vontade – o que ocorre com mais frequência no inverno, menos atraente para os estrangeiros. 

Tudo bem. Ir ao Japão e não ver o Monte Fuji é o mesmo que ir a Roma e não ver o Papa: ambos dependem de sorte, mas não são fundamentais para sua viagem, já que há tanto mais para descobrir. 

Mas sim: pode-se dizer que eu tive sorte. 

Viagem a comvite da Agência de Promoção Turística do Japão (JNTO)

PARA FAZER UMA VIAGEM ESPERTA

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1. Aplicativos

Em Tóquio, as ruas não têm nome: use o Google Mapas para se localizar. Baixe o TokyoSubway, que funciona off-line: basta colocar a estação do metrô onde está e para onde quer ir e ele indica o caminho. O Takoboto é um dicionário japonês-inglês, mas vale usar o tradutor do Google (pesquise também por voz e imagem). Dica extra: leve o endereço ou o nome do seu hotel escrito em japonês caso precise pedir informação.

2. Dia a dia

Táxi é caro, especialmente em Tóquio; use com parcimônia. Lojas de conveniência (7Eleven, Family Mart, etc.) têm refeições rápidas e baratas. Terremotos de pequena intensidade são comuns no país. Não há o hábito de dar gorjeta, nem mesmo em restaurantes.

3. Etiqueta

Use as duas mãos para dar e receber presentes ou cartões de visita. Nos trens, você vai notar o silêncio – se for conversar, fale baixinho e deixe o celular sem som. Sempre tire os sapatos para entrar nos tatames e em casas. 

4. Vasos sanitários

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As privadas no Japão são tecnológicas, com uma porção de botõezinhos. As mais modernas são aquecidas e totalmente automáticas: levantam a tampa, dão descarga e fecham a tampa sozinhas. Funcionam também como bidê, com jatos d’água com direções diferentes para homens e mulheres. Se fosse para fazer um ranking, a do Marriott, em Osaka, foi a mais tecnológica de toda a viagem.

SAIBA MAIS

Aéreo: não há voos diretos; fomos de American Airlines, que tem code share com a JAL, a ótima aérea japonesa. Desde US$ 2.417. Trem: voltado para estrangeiros, o Japan Rail Pass dá direito a viagens ilimitadas de 7, 14 ou 21 dias pelo Japão (incluindo o trem-bala Shinkansen) e tem ótimo custo-benefício. Compre em agências, antes de viajar. Os preços começam em US$ 250.Site: jnto.co.jp.

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