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Kyoto em versão branca e rosa

Hoje grande e próspera, a antiga capital guarda em seus bosques trilhas, templos e jardins

Por Otavio Dias
Atualização:

Capital do Japão por mais de dez séculos, Kyoto já não teria dificuldades para se transformar no ponto alto de uma viagem ao país. Imagine, então, visitar a região no exato momento em que as flores de sakura irrompem por toda parte. Veja também: Em busca das cerejeiras A montanha das 4 mil árvores Pernoite diferente, da cama ao café Cheguei em 30 de março, sob chuva fria e intenso trânsito, apesar de ser domingo. E logo saí para andar pelo centro da cidade, que fica num amplo vale com montanhas ao norte e ao sul. A Kyoto moderna é grande e próspera. À primeira vista, não dá indícios de esconder em seus bosques tal quantidade de templos, palácios e jardins. A famosa árvore, montinhos e círculos concêntricos no jardim do Templo Kodaiji Para conhecê-la, você precisa de vários dias - o ideal é uma semana - e bastante disposição, pois as distâncias são grandes. Tinha apenas três dias e optei por me concentrar nos locais onde teria mais chance de ver sakuras. A primeira caminhada na tarde chuvosa me levou a um pequeno canal na parte leste da cidade, perto do Rio Kamogawa. Suas margens estavam cobertas de cerejeiras brancas, formando uma espécie de tubo sobre o leito de pedras.   Canal coberto por flocos alvos na parte leste da cidade Parei para comer e beber saquê (ótima forma de espantar o frio úmido) e, logo após o anoitecer, segui para o parque do Castelo Nijo, sede do xogunato Tokugawa, construído no século 17. Na temporada da sakura, os amplos jardins ficam abertos à noite e as cerejeiras, de vários tipos e tamanhos, ganham iluminação cuidadosa. A luz realça cada ângulo, possibilitando perspectivas nada óbvias. O roteiro do dia seguinte incluía tomar o trem até o Templo Daigoji, ao sul de Kyoto. Como o clima por lá é mais quente, maiores eram as chances de encontrar tudo florido. Deu certo. Já na frente do edifício principal, havia uma enorme cerejeira, carregada de cachos cor-de-rosa vivo. Espalhava-se por tal perímetro que seus galhos precisavam ser amparados por vigas de madeira. Também vi um tipo de sakura que parece chorar e uma avenida de pedras com fileiras de cerejeiras de ambos os lados, formando um túnel de flores brancas. O jardim de Daigoji, que mistura cursos d?água, pedras, arbustos e árvores, é um ótimo exemplo do paisagismo japonês. No dia seguinte, um passeio quase obrigatório em Kyoto: o Caminho da Filosofia (Tetsugaku-no-michi), na tranquila e arborizada encosta leste da cidade. A trilha margeia um riacho e há diversos templos encravados na montanha. Por todos os lados, cerejeiras misturadas a outras árvores floridas. Tesouros Mas a estada não ficaria completa sem uma visita a um dos bairros mais bucólicos de Kyoto, conhecido como Sannenzaka e Ninenzaka. São, de fato, duas ruas repletas de casas típicas, lojas, pousadas e restaurantes. Vale a pena explorar com cuidado a região porque há verdadeiros tesouros em suas ruelas de paralelepípedos. Caso do Templo Kodaiji, que tem como principal atração uma sakura plantada em um típico jardim japonês, coberto com minúsculas pedrinhas brancas. A superfície é pacientemente desenhada, formando montinhos e curvas concêntricas. Na primeira semana de abril, o templo deixa as portas abertas à noite e a árvore carregada de cachos cor-de-rosa recebe uma iluminação especial. Para momentos de meditação, siga até a pequena floresta de bambus de Kodaiji. Impossível não sentir o coração apertado ao deixar Kyoto. E aquela vontade de voltar. Quem sabe durante o outono, quando os bosques da capital imperial são tingidos pelo vermelho das folhas. Vegetariano   Perto do portão principal do Templo Nanzenji, o restaurante Okutan (86-30 Fokuchi-cho), em volta de um pequeno lago, serve almoço tradicional, à base de tofu, por cerca de US$ 40. Imperdível. Reservas: (00--81-75) 771-8709.

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