Praticamente em fila indiana atrás dos equinos, cheguei à Plaza Mayor, no centro histórico da capital, Palma, para descobrir ali uma grande feira de livros sob o céu azul de primavera. É assim que maiorquinos e catalães em geral celebram seu padroeiro: nas ruas, com letras e flores.
Basta sair daquele miolo, no entanto, para estar de novo em meio à tranquilidade - e talvez seja esta a razão de Maiorca ser procurada por viajantes com diversos perfis, inclusive os que buscam um pouco de paz. Nem tão baladeira quanto a vizinha que lhe fica à esquerda no Mar das Baleares, Ibiza, nem tão discreta quanto a da direita, Menorca, a graça de Maiorca é ser relativamente cosmopolita, mas preservar recantos quietos. Tem arquitetura histórica na capital. Resorts familiares em Cala Major, a oeste, e na Baía de Alcudia, no norte. Boa comida, especialmente frutos do mar, como é de se esperar. E ao menos duas dúzias de marinas para receber iates e dar ao conjunto da obra aquela cara de porto para afortunados que tanto se costuma associar ao verão no Mediterrâneo.
Carro alugado compensa, mas você pode deixar para pegá-lo no terceiro dia, caso escolha se hospedar em Palma. Até porque boa parte do centro histórico é área de pedestres.
Em destaque sobre uma colina, entre edificações góticas, barrocas e árabes, está a magnífica catedral gótica. Ocupa o lugar de uma mesquita que, por sua vez, foi sobreposta a um templo romano dos séculos 10 a 11. Mais recentemente, Antoni Gaudí, ele mesmo, o de Barcelona, fez intervenções, no que foi seguido por Miquel Barceló. Mais: catedraldemallorca.info. Emende a visita à catedral com uma caminhada pelo Parc de la Mar que lhe fica aos pés.
Os mouros dominaram Maiorca e por lá deixaram seu legado em ruas e palacetes, alguns ocupados por museus (o das Bonecas Antigas, na Carrer del Palau Reial, 27, é uma graça), outros, por joalherias que vendem pérolas. Pelo centro histórico, veja ainda La Rambla e Paseo de Born, vias de comércio elegante.
À noite, o distrito de La Llonja ganha atmosfera boêmia. A Rua Apuntadores é um calçadão com bares, restaurantes e clubinhos de jazz. Com salão cheio das vozes que conversam em tom nada moderado, o Bar Día (no número 18) tem tapas maravilhosas em uma estufa de vidro, como o polvo com molho de tomates e as sardinhas. Para acompanhar, hierba, cachaça local à base de anis.
Na estrada.
Na avenida à beira-mar, o calçadão e a ciclovia vão margeando o oceano pontilhado pelo brilho dos cascos reluzentes dos iates ancorados por ali. Durante o dia, navios de cruzeiros podem ser vistos.
A vila vizinha de Cala Major é a praia mais próxima da capital e tem outro atrativo de peso: a Fundação Pilar e Juan Miró (miro.palmademallorca.es; 6), casa-museu onde o artista trabalhou desde meados dos anos de 1950 até sua morte, em 1983.
Além da Baía de Alcudia, principal destino de praia em Maiorca, e de seu centro histórico murado, outras praias e cidadezinhas merecem atenção. Port d'Andratx e Sant Elm têm mar turquesa. Es Trenc é para adeptos do naturismo. Pollenca e Soller são graciosas cidades rurais.
Noite adentro.
Ainda que a vizinha Ibiza seja mais famosa no quesito, Maiorca também é endereço de balada. Palma tem filial da boate Pacha (pachamallorca.es) e a Tito's (titosmallorca.com), com alta frequência de locais. A oeste, 20 minutos distante da capital, Magalluf é conhecida por suas megaboates, caso da gigantesca BCM Planet Dance (bcmplanetdance.com). A cidade tem até passe baladeiro: por preço único, o Magalluf Club Pass (magallufclubpass.com) dá entrada em seis baladas na mesma noite ou ao longo de uma semana.