Mala bem-feita

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Por Redação
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Nosso incansável viajante escreve sua crônica semanal desde o café que costuma freqüentar no tradicional Hotel Géllert, de Budapeste, às margens do Danúbio. Sua estada na capital magiar deve-se a uma grande amizade e a um grande lapso. O amigo em questão, Andor Stern, que mr. Miles descreve como ''o único homem capaz de caminhar 300 quadras por dia em Nova York durante uma semana consecutiva, nomeando antecipadamente cada loja do caminho'', está completando, hoje, 80 anos de uma vida de absoluta generosidade. Para cumprimentar o ''good charming boy'', Miles voou até a Europa Central, onde Andor iria merecer uma festa com seus parentes de diversos países. Por um lapso, porém, o correspondente britânico deixou de anotar em sua agenda que a festa havia sido transferida - e, pior, que Andor Stern passaria a data de seu natalício em São Paulo, o que, talvez, finalmente o trouxesse para uma visita aos seus companheiros de redação. Mr. Miles diz-se ashamed por seu engano, mas garante que não está nem um pouco arrependido de ter retornado à terra dos vinhos tokay, onde foi esplendidamente recebido pelos familiares de seu velho amigo no que descreveu como ''o apartamento mais deliciosamente bagunçado do mundo ocidental, onde, by the way, o teclado do computador estava guardado na geladeira, atrás das luvas de esqui''. Com uma dobos torte na mão, mr. Miles manda, por meio desta coluna, seus cumprimentos ao aniversariante e diz que não vê a hora de reencontrá-lo ''para ouvir aquelas velhas histórias pela milésima vez''. A seguir, ele responde à pergunta da semana: Prezado mr. Miles: vou viajar, em 15 dias, para Grécia, Egito, Turquia e Israel. O que devo levar na bagagem e o que não devo levar de jeito nenhum? Rodolfo Marsillac, por e-mail ''Well, my friend: como você sabe, minhas malas sempre têm as roupas convencionais de um humilde súdito inglês. Contudo, quando se vai a lugares como os que estão no seu roteiro, quem está preocupado com underware? Não há nada mais fundamental do que levar todas as referências possíveis. Não são apenas quatro países: são inúmeras civilizações superpostas. Se você não souber decifrá-las, à base de leituras confiáveis, à luz dos tempos e com a perspectiva dos contextos, I''m sorry to say: sua jornada corre o risco de terminar tão arruinada quanto os esplêndidos vestígios que lhe surgirão pelo caminho. Ponha na bagagem, as well, o melhor de seu espírito investigativo. Inquira, converse, tente descobrir. Não se fie apenas na ladainha decorada pelos guias locais. Posso lhe assegurar que nenhum deles conta a mesma história - o que é garantia de imprecisão. Quanto ao que você não deve levar, well, fellow, deixe em casa seus preconceitos, sua ideologia. Guarde as convicções numa gaveta e largue as certezas em alguma velha caixa de detergentes. Quando se viaja assim, pelo tempo e pelo espaço em um único programa, é como se tudo começasse de novo. Há os que aproveitam essa oportunidade para crescer. E há, of course, os que apenas trazem álbuns de fotografia.'' * Mr. Miles é o homem mais viajado do mundo. Ele já esteve em 132 países e 7 territórios ultramarinos. É colunista e conselheiro editorial da revista ''Próxima Viagem''

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