Maravilhas escondidas

Depois de três anos fechado, o cenário exuberante do Poço Encantado volta a fazer parte dos roteiros turísticos. E há muito para ver

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Por Renata Reps - O Estado de S. Paulo
Atualização:

Mergulho em cores

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A partir do Poço Encantado (leia mais ao lado), siga por 20 quilômetros até a estrada para Itaeté. São mais 17 quilômetros até o Rio Paraguaçu, onde uma canoa leva os turistas de uma margem à outra (R$ 2). Após atravessar as plantações de mamona, você encontra a entrada para o Poço Azul - descer, só depois de tomar uma ducha e pagar R$ 10. Doze pessoas por vez entram na caverna, guiadas por um salva-vidas. Além de apreciar a água azulada, dá para nadar no riacho, que chega a 20 metros de profundidade. "A cada dia existem mais limitações, tanto para reduzir o impacto ambiental quanto por questões de segurança", diz Ismael Braga Junior, salva-vidas e filho do dono do Poço Azul. Assim como o Poço Encantado, trata-se de uma fazenda particular com permissão para explorar o turismo. Site: www.poçoazul.com.br

Deliciosa recompensa

Depois de uma hora de carro na rodovia, mais uma hora sacolejando na estrada de terra e 1h30 de trilha, o visitante chega no passeio mais completo da Chapada: o Buracão, cascata de 85 metros de altura do Parque Municipal de Ibicoara. Ao longo do Riachão das Pedras, entre centenas de espécies de plantas, siga caminhando até a cachoeira Recanto Verde, com cipós e vegetação rasteira que lembra cenário de filmes. Pendurados em árvores, coletes salva-vidas aguardam o grupo. "Agora podem vestir e se jogar no rio", diz o guia. É preciso nadar contra a correnteza entre dois altíssimos paredões até avistar o Buracão. Dá para chegar bem perto da queda d’água, olhar para o céu envolto de pedras e, na volta, deixar-se levar pela mesma força contra a qual você lutou para chegar até ali. A sensação é de plenitude.

Visual que encanta

A impressionante beleza faz do Poço Encantado uma visita obrigatória para quem vai à Chapada. Desfrutar do silêncio dentro de um ambiente onde parece que o tempo parou é um antídoto contra o estresse. Descoberto em 1940 por um garimpeiro, o local ficou anos abandonado e foi reencontrado por Miguel Jesus de Mota em 1975. Interditado em 2007, acaba de reabrir as portas após 40 meses - o Ibama fechou a área até que um plano de manejo regulamentasse a visitação. "Eu queria facilitar o acesso (a descida da entrada da caverna até o poço é bem íngreme) e fui ingênuo de achar que não seria problema construir uma escada de paralelepípedo lá dentro", explica Miguel. A escada ficou - retirá-la causaria um impacto ainda maior.

Até a década de 90, o poço serviu como uma piscina de banho. Hoje, é proibida a entrada na água cristalina, cuja aparência azul é causada pelo efeito de magnésio, calcário e carbonato de cálcio combinados à luz do dia. Os resquícios de cremes e bronzeadores estavam afetando a composição da água, que não se renova. Para fazer o passeio - com gorro para evitar queda de cabelo na água e capacete de proteção - o visitante desembolsa R$ 20.

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De repente, mochileira

Perguntaram se eu estava preparada. "Claro, e de malas prontas!". Isso foi antes de caminhar 14 quilômetros no primeiro dia. Ou ficar com os pés encharcados durante duas horas de trilha para a Fumaça, onde também precisei pegar um casaco emprestado do guia. E o mel com granola que levamos para o lanche? Esparramou na mochila - e na muda de roupa que estava dentro dela. Para a próxima vez, já aprendi: alongar-se antes de sair e só levar objetos feitos de materiais impermeáveis. A Chapada que me aguarde.

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