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Massagem tailandesa: um programa obrigatório (e baratinho)

Por Felipe Mortara
Atualização:
Turistas recebem massagem na clássica Khao San Road, a rua do mochileiros em Bangcoc Foto: Felipe Mortara/Estadão

Durante uma hora, a sorridente Noot parecia estar brincando com um amiguinho no jardim de infância, e não trabalhando. Muito menos tinha pinta de ex-presidiária, tal e qual o preconceito nos formata a conceber. Habilidosa com o manuseio do corpo alheio, está entre as dezenas de massoterapeutas formadas na Prisão Feminina de Chiang Mai que, após cumprirem suas penas, seguem livres para apertar, espremer e torcer pacientes por 200 baht (R$ 25) a hora. Em uma ampla sala com luz baixa, cerca de 15 mulheres pilotavam pequenas macas, a um palmo do chão. Na companhia de Alejandra, uma boliviana que estava na recepção do Women’s Massage Center (252/15 Prapokklao Rd.), fui escoltado por Noot e uma colega até uma sala nos fundos. Puxa um braço, torce uma perna, comenta-se um causo aqui e outro ali. Risadas, às vezes baixinhas, noutras mais escancaradas. Sempre em tailandês. Na média, massagem na Tailândia não tem o ar intimista que adquiriu no Ocidente – é como ir à manicure. Mas trata-se de uma experiência imprescindível para vivenciar o país.  Alguns movimentos exigem sintonia entre tratado e tratadora, como numa ioga maluca sobre uma maca nunca larga o suficiente. No tatame, o papo – ou melhor, o tato – é outro. Ao rés do chão, não apenas somos todos iguais como as partes se encaixam melhor, há uma simbiose maior de movimentos. Não pense besteira: estão todos vestidos. Nada de toalha ou sungas ridículas, o uniforme oficial da massagem tailandesa é uma espécie de pijamão largo e bege, sem nenhum sex-appeal.  Se me perguntarem qual foi a melhor massagem entre as várias a que me submeti no país, diria que foi a do Mr. Com, massagista simpático e baixinho do Rangnam Spa, em Bangcoc (800 baht ou R$ 90). Ali percebi que um pé amassando a coxa ou um cotovelo comprimindo a sua panturrilha podem não ser agradáveis, mas fazem parte de um todo muito relaxante.  “Aceita que dói menos” é um bom lema diante de uma criatura cuja única missão é apertá-lo até o nirvana. Ou até você balbuciar “baobao”, o equivalente verbal aos três tapas no tatame para pedir arrego.  Banquinhas de rua e lojas por todo país oferecem massagens nos pés, por cerca de 50 baht (R$ 5,60), 20 minutos. Só no pé, e só um pouquinho, já traz muita felicidade.  Ah, não tenha medo de entrar por engano em um estabelecimento que ofereça algo além da massagem. Fique tranquilo: eles deixam isso bem claro. 

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