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Mergulho com água fria e um inesquecível leão-marinho

Por PUERTO PIRÁMIDES
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Sempre odiei água fria, mesmo no verão. Na minha cabeça, entrar em qualquer mar ao sul de Santa Catarina seria - no máximo - para molhar os joelhos. Quando soube que se praticava mergulho na Península Valdés, pensei: "Bobagem. Além de a água ser gelada, não deve ter nada para ver lá". Tolinho, eu. Após uma 1h30 desde Puerto Madryn pela ótima (porém enfadonha) estrada, chegamos à compacta Puerto Pirámides. Pequena mesmo: são apenas três ruas e 400 habitantes. Alguns poucos restaurantes e pousadas simples, mas aconchegantes, dividem espaço com empresas que vendem as maiores atrações da região: observação de baleias-francas e mergulho com leões-marinhos. Em geral, os mergulhos ou snorkelings com leões (ou lobos) marinhos custam 900 pesos (R$ 361), um preço alto, mas que vale pela experiência única. Embarcamos em um bote da Patagonia Scuba (patagonia-scuba.com.ar) sob céu azul e com um vento que tornava possível mergulhar apenas em Pardelas, ponto mais abrigado, onde não se costuma encontrar muita vida submersa. O mergulho com leões-marinhos ficaria para outra oportunidade. Antes do mergulho - quase um prêmio de consolação -, nos aproximamos da lobería, como são chamadas as colônias de leões-marinhos. Desconfiados, não demonstravam alegria com um punhado de humanos tirando fotografias de seu sossego. Mas compunham um cenário dramático.Exatos 30 minutos de navegação nos levaram até a recortada Escalerita de Pardelas, o ponto de mergulho. Estava equivocado quando prejulguei as águas frias - na realidade, não mais do que as de Búzios ou Cabo Frio. A grossa roupa de neoprene, acompanhada de luvas e capuz, cumpriu bem seu papel. Desci com a instrutora Malena para descobrir os arredores. Inicialmente fiquei frustrado. Além da transparência do mar e de intrigantes água-vivas com feixes de néon, não havia sombra de vida. Já estava desanimado quando percebi um vulto. Tomei fôlego, me aproximei. Veloz e rodopiando, uma jovem fêmea de leão-marinho me circundava em movimentos elásticos. O dedo disparava na câmera, ao mesmo tempo em que eu brincava e rodopiava com o bicho. Ela entendeu o jogo, e a sessão de fotos e vídeos (que você pode ver na TV Estadão) durou quase 40 minutos - só não continuou porque meu ar estava no fim. Uma inacreditável e inesquecível interação com a natureza, que me deixou com um enorme sorriso no rosto pelo resto do dia. / F.M.

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