Muito verde e histórias nas colinas de Pequim

Perto do centro da cidade, natureza e relíquias escondidas

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Por Jeremy Goldkorn
Atualização:

Quase ninguém pensa em atividades ao ar livre quando o destino é Pequim. Mas a cidade está rodeada por montanhas com altura média de 1.600 metros, um verdadeiro convite para escaladas nesta época do ano. VESTÍGIOS - Nas imediações do vilarejo de Fanzipai estão rochas com gravações de versos em sâncrico Foi esse relevo que, historicamente, protegeu o leste e o oeste da cidade de invasões bárbaras - na realidade, a localização estratégica fez Kublai Khan escolher o trecho para instalar sua capital, iniciando a Dinastia Yuan. Naquela época, a cidade se chamava Dadu. Você ainda pode ver alguns resquícios desse período no Dadu Ruins Park, não muito distante do centro. Mas as montanhas guardam histórias mais interessantes de outras eras e cenários perfeitos para a prática de escalada. A região em torno do vilarejo de Fanzipai, em Miyun, é absolutamente selvagem e interessante. Lá está outra relíquia da Dinastia Yuan: pedras enormes onde foram escritos versos em sânscrito e budista tibetano. Trabalho meticuloso, muito provavelmente feito por monges que passaram pela localidade. Esses exemplares ficam em um parque, atrás de um portão que geralmente está fechado e um tanto esquecido. Mas você pode andar até os fundos para observá-los. Há alguma informação turística sobre as rochas, em chinês e inglês. A atração não exige tíquete de entrada. Essas preciosidades não recebem a devida atenção das autoridades chinesas. Se você fizer o esforço de dirigir ou tomar um ônibus até Fanzipai, confira também Baimaguan, montanha abaixo na mesma estrada, onde poderá ver restos de um forte construído em algum momento da Dinastia Ming (1368-1644). Arco Outra relíquia da Era Yuan que comprova o passado cosmopolita de Pequim é o Cloud Terrace (Yun Tai), um arco de pedra no antigo caminho entre as montanhas e o norte da cidade. A estrutura é a parte mais interessante do trecho Juyongguan da Grande Muralha. Essa parte do muro, a mais próxima de Pequim, foi restaurada com excessivo entusiasmo e resultado ficou um tanto quanto artificial. Em comparação, o arco parece negligenciado e quase nenhum turista nota sua importância. Erguida em 1345, a estrutura é toda decorada com arte budista. Na parte de dentro do arco foram gravados mantras de Dharani Sutra em sânscrito. Ainda há frases escritas em tibetano, chinês, mongol e outras línguas asiáticas. Trata-se de um dos mais interessantes locais no entorno de Pequim - e um lugar calmo para meditar sobre a ascensão e a queda de impérios que estiveram à frente do país por séculos.

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