Na fronteira, atração em clima bélico

PUBLICIDADE

Por Lisandra Paraguassu
Atualização:

A maior atração turística da Coreia do Sul é uma área de guerra. A cada ano, a Zona Desmilitarizada (ou DMZ) recebe cerca de 1 milhão de visitantes que para lá se dirigem com o objetivo de espiar, pelo menos um pouco, o país mais fechado do mundo: a vizinha Coreia do Norte. Pequenas placas amarelas advertem para a presença de minas terrestres pelo local e deixam claro que ali a guerra fria ainda existe. Mesmo assim, os sul-coreanos decidiram transformar o seu lado da fronteira em uma espécie de parque de diversões que brinca com a hostilidade entre os dois países. Logo na primeira parada, na cidade de Paju, um antigo trem todo enferrujado tem uma trilha sonora própria de apitos que faz lembrar a guerra, encerrada com um armistício entre as duas Coreias em 1953 - porém, até hoje a paz oficial não foi assinada. Ali, pontes interrompidas marcam o início da Zona Desmilitarizada. Há anos, elas são cobertas de fitas com pedidos e orações por aqueles que morreram na guerra ou ficaram do lado de lá, formando uma parede colorida em meio aos rolos de arame farpado. A DMZ também tem seu quê de Disneylândia materializado no monotrilho que leva às profundezas do Terceiro Túnel, assim chamado por ter sido a terceira tentativa sabida dos norte-coreanos de invadirem a Coreia do Sul, em 1978. O trem desce por cerca de 10 minutos até o local onde a tentativa de invasão foi detectada e interrompida. Ainda é possível ver a pintura a carvão feita pelos norte-coreanos para disfarçar os verdadeiros motivos do túnel. Há dois tipos de excursões para visitar a DMZ, ambas à venda nos hotéis e agência de turismo. A mais barata e mais curta custa US$ 50 e leva apenas ao túnel e a um mirante que possui telescópios iguais aos encontrados na Torre Eiffel, para espiar de longe a Coreia do Norte. Pelo dobro do preço, a segunda chega até Panmunjon, a verdadeira fronteira entre as duas Coreias, onde se pode até mesmo encarar os sisudos soldados norte-coreanos. Uma experiência perigosa, mas certamente inesquecível.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.