Natureza exuberante na rota das levadas

Nos 1.400 quilômetros de trilhas, há espaço para todo tipo de visitante

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Por Rosangela Dolis
Atualização:

O relevo montanhoso da ilha pode fazer você, ainda no avião, desconfiar seriamente da sanidade mental daquele amigo que disse que a Madeira é ótima para caminhadas. Tente superar a primeira impressão (além da vontade de riscá-lo de sua agenda telefônica para sempre) e procure, assim que desembarcar, conhecer melhor as chamadas levadas, trilhas que acompanham a extensa rede local de canais de irrigação. Esses caminhos começaram a ser abertos quando os primeiros habitantes da ilha resolveram plantar e, para isso, precisavam levar a água das nascentes até suas terras. Quando isso ocorreu? Não há uma data exata, mas a primeira lei que regulamentou as levadas foi criada na segunda metade do século 15. Hoje, as trilhas acompanham 1.400 quilômetros de canais de irrigação, que levam a água do norte, onde as chuvas são mais freqüentes, para a parte sul, onde a seca pode durar até seis meses. Desde a década de 1940, o sistema é utilizado também para a produção de energia hidrelétrica. Mas isso pode alterar a programação de um turista na Ilha da Madeira? A resposta, acredite, é um sonoro "sim". VÁRIOS NÍVEIS As levadas cortam áreas de natureza exuberante e passam por trechos com paisagens estonteantes, tendo como fundo musical o murmúrio da água descendo o morro. A boa notícia para quem costuma aparecer na academia a cada três meses é que são vários os circuitos de trilhas disponíveis, com nível de dificuldade entre 1 e 3. Na realidade, a maioria das levadas pode ser usada sem grandes riscos cardíacos. As levadas também chamam a atenção por serem de fácil acesso. Basta sair de uma estrada principal para se deparar com alguma delas. ANTES DE COMEÇAR A primeira orientação para quem pretende seguir as levadas é comprar o mapa turístico da Madeira e alguns livrinhos específicos sobre esses roteiros. Até para saber aonde ir e como usar as trilhas. Mesmo com todas as informações à mão, não é aconselhável seguir sozinho por esses caminhos. Na mochila, leve água, lanche, lanterna e agasalho. Como em toda caminhada - principalmente em terrenos acidentados -, procure gastar algum tempo escolhendo um calçado adequado. O ideal é que ele tenha solado antiderrapante e fique firme nos pés, como um bom tênis. Quem não quiser encarar a empreitada sozinho pode comprar um tour guiado nas agências de viagem locais. As empresas organizam passeios até os picos mais altos da ilha, com direito a parar em cachoeiras, áreas preservadas de floresta e fazendas de trutas. Há programas para meio dia ou um dia inteiro de caminhada, com preços a partir de 18 (R$ 53,50) por pessoa. A 1.861 metros do nível do mar, o Pico Ruivo, ponto mais alto da ilha, está na lista dos itinerários mais procurados pelos visitantes. A Levada do Norte, feita à mão por escravos e condenados, é outro destaque (o perigo de realizar essas escavações em um relevo tão acidentado dispensa comentários). Você ainda pode optar, sem susto, pelas Levadas Rabaçal, Os Balcões e Caldeirão Verde. COMO IR PASSAGEM AÉREA O trecho SP-Funchal-SP, com escala em Lisboa, custa R$ 2.438 na TAP (0--11-2131-1210). A TAM (4002-5700) tem vôo direto para Lisboa, por a partir de R$ 2.985 PACOTES* US$ 1.015: 4 noites em Funchal. Abreutur (0--21-2586-1840; www.abreutur.com.br). Até novembro US$ 1.379: 7 noites em Funchal. Saída 20/10. Riviera Operadora (0--11-5533-68 89; www.rivieraoperadora.com.br) US$ 1.580: 5 noites em Funchal com passeios. Até novembro. Sem Fronteiras (0--11-3853-4401; www.semfronteiras.tur.br) US$ 2.031: 3 noites em Lisboa, 4 em Funchal e passeios. Saída: 20/10. Friends in The World (0--11-3068-9403; www.friendsintheworld.com.br) US$ 2.100: 2 noites em Lisboa, 3 em Funchal e passeios. Saída 8/11. Inside (0--11-4508-8010; www.insideviagens.com.br) US$ 2.160: 5 noites em Funchal e passeios. Na Apex (0--11-3722- 3000; www.apextravel.com.br) US$ 2.720: 3 noites em Lisboa, 3 em Albufeira e 3 em Funchal, com passeios. Até novembro. Na Beeline (0--11-3171-1544; www.beeline.com.br) *Preço mínimo por pessoa em quarto duplo, com café e aéreo OS LEGÍTIMOS Madeira tem tradição de sobra na vinicultura - as primeiras mudas foram plantadas no século 15. Feito a partir de um processo que inclui o aquecimento em estufas, o licoroso vinho que leva o nome da ilha ganhou características próprias com o tempo. Em Funchal há dois museus dedicados à bebida. Frito, assado, com banana, com maracujá... prove todas as variações do peixe-espada preto, carro-chefe gastronômico. Dizem que nunca se viu um deles vivo, já que são capturados a mil metros de profundidade e chegam mortos à superfície. São abundantes e bem baratos: 12 (R$ 37) o prato. O bolo de mel (não é mel de abelha, insistem os madeirenses) é o doce típico da ilha, ótima companhia para vinhos doces. É feito com melaço de cana-de-açúcar, especiarias, frutas, nozes, amêndoas, farinha e ovos. Como tem validade de um ano, você pode levar essa delícia na mala.

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