O ´boom´ da hotelaria no Brasil

País deve chegar a 2009 com 140 novos hotéis, que representam investimento total de R$ 3,6 bilhões no setor

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Por Agencia Estado
Atualização:

O Brasil despertou tarde para o turismo, desenvolveu com atraso a hotelaria, mas é hoje um mercado em franca expansão. Nos últimos dois anos, o setor das grandes redes hoteleiras cresceu 15%, a diária média subiu 8% e a taxa de ocupação nos hotéis progrediu de 48% para 55% - algumas capitais do Nordeste chegaram a conseguir 65% e o Rio, 67%. Apesar do crescimento, apontado pela Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), ainda falta um longo caminho para a profissionalização do mercado. ?A hotelaria está engatinhando e não condiz com o potencial do Brasil?, afirma a coordenadora de Internacionalização do curso de Hotelaria da Anhembi Morumbi, Thais Funcia. ?México e Argentina recebem mais turistas do que o Brasil. Nós temos a Amazônia e é a Costa Rica a lembrada pelo ecoturismo?, ressalta. Segundo Thais, o setor só começou a se desenvolver com a chegada de grandes redes hoteleiras, nos últimos dez anos. Hoje, esses grupos detêm 15% dos empreendimentos - ou 35% do total de quartos disponíveis - e ficam com 60% da receita obtida pelo segmento. E são justamente as redes as responsáveis pelas boas perspectivas de crescimento da hotelaria no País. TENDÊNCIAS Como mostra o terceiro volume do Raio X Hotelaria Brasileira (www.raioxhotelaria.com.br), lançado no fim do ano passado, com patrocínio do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (Fohb), pelo menos 135 empreendimentos serão inaugurados até 2009, sendo 40% no Sudeste e 35% no Nordeste. ?As tendências são os resorts e os hotéis supereconômicos?, conclui uma das autoras do trabalho, a jornalista Eny Amazonas. Pelos cálculos do Ministério do Turismo, os números são mais animadores, com previsão de 140 novos meios de hospedagem até 2009 e investimento total de R$ 3,6 bilhões. No Nordeste, os resorts atingiram padrão internacional com a chegada de redes de outros países, especialmente portuguesas e espanholas, a partir de 2000. Essas grifes chamaram estrangeiros, que hoje são metade dos hóspedes. Segundo a Associação Brasileira de Resorts, foi graças ao movimento de turistas de fora que a taxa de ocupação nos hotéis do gênero cresceu 6% entre 2005 e 2006. Exemplos de grandes investimentos não faltam. Em outubro, o grupo português Enotel desembarcou em Porto de Galinhas (PE) e inaugurou seu primeiro empreendimento no País. A rede espanhola Iberostar construiu o maior resort da costa, o Iberostar Praia do Forte (BA). E o jamaicano SuperClubs quer ampliar os negócios no litoral brasileiro. BAIXO CUSTO Em São Paulo, os hotéis econômicos ganham destaque e se espalham pelo interior. ?Há dez anos, São Paulo tinha 12 mil quartos, 43% deles operados por grandes grupos. Hoje, são 36 mil apartamentos, 78% administrados pelas redes?, afirma o presidente do Fohb, Roland de Bonadona. Ele também é presidente da francesa Accor Hotels, a maior rede no Brasil, com 120 empreendimentos. ?Estamos consolidando a nossa hotelaria econômica, que conta com 45 hotéis abertos e outros 35 em implantação.? Ele diz que a marca Formule 1, a econômica da Accor, teve um dos melhores crescimentos da rede em 2006, com 81% de taxa de ocupação, 7,8% acima de 2005. Segunda maior rede no País, a Atlântica Hotels International também ampliou o segmento econômico em 2004. A rede investiu US$ 800 milhões em 57 hotéis, 37 deles no Sudeste. ?O Brasil está recebendo investimentos, mas não podemos dizer que o País é a bola da vez?, diz o presidente da ABIH, Eraldo Alves da Cruz. Ele justifica que Índia, Rússia e China têm hotéis de grandes grifes hoteleiras e atraem mais investimentos do que o Brasil. ?Só com a maturidade do mercado e a estabilidade da economia é que a hotelaria brasileira vai realmente tomar novos rumos.?

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