O Norte começa (e bem) no Porto

A segunda maior cidade do país prepara o turista para o festival de belezas dos lugares que vêm na seqüência

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Por Rosangela Dolis
Atualização:

Segunda maior cidade de Portugal, conhecida por seus vinhos, que chegam a custar uma pequena fortuna. Sim, o Porto pode ser um bom ponto de partida para desbravar o Norte do país e seguir pela região do Minho, a meia hora de carro dali, numa viagem ora pontuada por histórias de reis e rainhas, ora marcada por roteiros de fé. Espalhado pela margem direita do Rio Douro - paisagem declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco -, o Porto tem em seu centro histórico parte da chave para entender o fascínio que provoca nos visitantes. Trata-se de um circuito para ser percorrido a pé, descendo por ladeiras estreitas e sinuosas, da Catedral da Sé ao Cais da Ribeira, e que ocupa apenas a metade de um dia. Comece por um de seus símbolos, a Igreja e Torre dos Clérigos. O templo foi erguido no século 17, em estilo barroco e rococó. Vale a pena pagar 2 (R$ 5) para subir ao alto da torre, de 75,60 metros. Dali, prepare-se para uma bela panorâmica. Da torre, siga para a Praça da Liberdade e visite a Estação São Bento, de onde partem trens para a região do Minho. A estação de mais de um século foi erguida no lugar do Convento de São Bento da Ave-Maria - daí o nome. É considerada uma peça notável da arquitetura, com estrutura de ferro. No interior, chamam a atenção os painéis de azulejos que cobrem as paredes da sala de espera com cenas da história do país. Pela Avenida d. Afonso Henriques chega-se à Sé. Construída no século 12 e remodelada nos séculos 17 e 18, a catedral tem, ainda, um claustro do século 14, inteiramente decorado com painéis de azulejos. Uma caminhada pela Rua Escura - construções altas, com roupas penduradas em varais nas janelas, dificultam a entrada do sol - leva à Rua Infante d. Henrique, onde estão o Palácio da Bolsa e a Igreja de São Francisco. O palácio foi construído em estilo neoclássico na segunda metade do século 19. O mais notável ali é o Salão Árabe, inspirado no Palácio de Alhambra, de Granada (Espanha), e decorado com arcos e arabescos azuis e dourados. A Igreja de São Francisco é uma construção gótica, do século 13, conhecida como Igreja de Ouro, por causa da rica decoração. Mais um pouco e o visitante está no Cais da Ribeira, onde se impõe sobre o Rio Douro a Ponte d. Luís I, outro símbolo do Porto. A ponte liga a cidade a Vila Nova de Gaia, onde se concentram as caves de vinho - ótimas paradas para degustação. CAIS DA RIBEIRA Embora o Porto venha promovendo a restauração de seus monumentos, muitos prédios na área do Cais da Ribeira apresentam sinais de deterioração. Um motivo, dizem profissionais ligados ao turismo local, é a Lei de Locação Residencial, que não estimula proprietários a fazerem manutenção porque mantém os preços defasados e impossibilita a retirada de inquilinos antigos. A expectativa é que seja aprovada uma nova lei, em análise, que prevê subsídios a proprietários que fizerem as reformas necessárias. Ainda assim, a região continua um passeio de primeira. É neste ponto que está a maior extensão que sobrou da Muralha Ferdinandina, do século 14, cuja construção começou no reinado de d. Afonso IV, em 1336, e levou 40 anos para ficar pronta. O Portão do Carvão é o único dos tempos medievais que ainda existe e pode ser visto na Rua da Fonte Taurina. D. Fernando era rei quando os trabalhos terminaram e, por isso, a muralha leva seu nome. PONTES Da Ribeira partem os passeios pelo Douro, feitos em barcos típicos da região, os rabelos, que antigamente transportavam as pipas de vinho desde a zona produtora até as caves em Vila Nova de Gaia. Os tours duram, em média, 1 hora e custam 10 (R$ 25) por pessoa. Repare nas pontes pelo caminho. Construídas no século 19, as duas centrais, Maria Pia e d. Luís I, estão entre os principais monumentos do Porto. A primeira, inteira de metal, com um único arco de 350 metros, foi construída pelo francês Gustave Eiffel e concluída em 1877. Hoje, está fechada; foi substituída pela Ponte São João. A d. Luís I é a mais espetacular, com duas pistas sobrepostas que ligam os bairros altos e baixos do Porto e de Vila Nova de Gaia. Foi erguida entre 1880 e 1886 por uma empresa belga, com a mesma técnica de Eiffel. GASTRONOMIA A fome bateu? Na Ribeira são inúmeros os restaurantes que servem comida regional. Um dos pratos principais é a carne à vinha d''alhos, temperada com vinho do Porto e especiarias. Outra receita típica são as tripas à moda do Porto. O prato teve origem na Era dos Descobrimentos e batiza os nascidos na cidade de tripeiros. Nos séculos 14 e 15, o Porto contribuiu para a construção da frota de caravelas portuguesas. Para abastecer as esquadras com mantimentos, foi confiscada toda a carne da região e a população podia comer apenas as partes mais perecíveis, como as tripas dos animais. Igreja e Torre dos Clérigos: Rua São Felipe de Nery Estação São Bento: Praça da Liberdade Sé e Claustro: Terreiro da Sé; ingressos a 2 (R$ 5) Palácio da Bolsa: Rua Ferreira Borges; www.palaciodabolsa.pt; ingressos a 5 (R$ 12,50) Igreja de São Francisco: Rua Infante d. Henrique; ingressos a 3 (R$ 7,50) Viagem feita a convite da TAP e da Mr. Trip

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