O Rio e os Jogos Olímpicos de 2016

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Por Carlos Alberto Amorim Ferreira
Atualização:

A escolha do Rio como uma das cidades finalistas para servir de sede aos Jogos Olímpicos de 2016 é interessante para o município e também para o país, sob vários aspectos. Um deles é a exposição ainda maior na mídia até outubro de 2009, data do anúncio da vencedora. Se positiva, a difusão proporcionada pelos veículos de comunicação contribui para que um número ainda maior de turistas se interesse em visitar o município. Se negativa, no entanto, como vem ocorrendo com certa freqüência no caso de Pequim, a imagem do Rio pode ficar desgastada. Entra em cena o papel do poder público, que deve deixar clara a sua disposição em trabalhar na solução dos problemas da cidade. O resgate da auto-estima também deve ser levado em conta. O fato de o Rio estar concorrendo com cidades como Chicago, Madri e Tóquio é motivo de orgulho para os cariocas. Como cartão-postal, a cidade, mais uma vez, coloca o Brasil em destaque no cenário turístico mundial. É necessário que saibamos aproveitar essa oportunidade para disseminarmos, no mercado interno, a consciência cidadã que encontra no turismo um vetor de união. Outro ponto que merece destaque é a participação da União, do Estado e da prefeitura na candidatura e na campanha do Rio. O trabalho conjunto, teoricamente, trará benefícios de infra-estrutura para a cidade. Sob esse ponto de vista, ficamos na expectativa de que não haja repetição daquilo que vimos antes, durante e depois dos Jogos Pan-Americanos, quando muitas das promessas feitas não foram cumpridas. Caberá a todos nós, cidadãos, renovarmos a cobrança pelas soluções sociais e ambientais indispensáveis, também, ao desenvolvimento do turismo. Esperamos que o atual estado de euforia pela indicação da cidade aumente o senso de responsabilidade do poder público e da iniciativa privada. Há uma máxima que diz que uma cidade só é boa para o turista quando é boa para o morador. Esse deve ser o nosso fio condutor. É chegado o momento de o Brasil ver o turismo como atividade econômica de crescente e renovada importância estratégica. Ninguém vende aquilo que não conhece. Portanto, é preciso dar a devida atenção aos diferenciais que qualificam e recomendam o nosso país como produto turístico. Isso significa saber desvendar e promover as riquezas inerentes à nossa brasilidade, de acordo com o perfil das diferentes nacionalidades mobilizadas pelo espírito olímpico. Para tanto, o profissionalismo é indispensável. Não há espaço para amadores em nenhum dos elos constitutivos da cadeia de serviços necessária para receber bem o turista estrangeiro. Importante destacar ainda que, se nenhum trabalho paralelo for realizado, a eventual escolha do Rio para sede desse evento pouco contribuirá ao desenvolvimento do turismo. É necessário que haja investimento na capacitação profissional voltada ao acolhimento do visitante estrangeiro. Essa é a maior preocupação da Abav Nacional, que promove uma série de ações voltadas à capacitação e ao treinamento - pilares de sustentabilidade da atividade que, vale lembrar, ocupa a liderança mundial na criação de empregos e na distribuição de receita. * Carlos Alberto Amorim Ferreira, presidente da Abav Nacional

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