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Roteiro para ir a Ouro Preto em família

Sim, é possível fazer um roteiro leve e divertido com as crianças pela histórica cidade mineira. Basta ter em mente que a viagem ganhará ritmo próprio – e fazer as adaptações

Por Monica Nobrega
Atualização:
Quatro crianças e um dia de sobe e desce entre as ladeiras de Ouro Preto: sim, isso pode ser divertido. Foto: Mônica Nobrega/Estadão

OURO PRETO - Quando se decide levar quatro crianças e um bebê com idades entre 6 meses e 6 anos para um passeio de um dia a Ouro Preto, o melhor que se faz é aceitar que a viagem ganhará um ritmo próprio, mais deles do que dos nove adultos no grupo. E isso não é ruim, ao contrário: feitas as adaptações, é tudo muito engraçado e encantador. 

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Na preparação para a aventura, roupas frescas para o dia inteiro de caminhada e uma muda extra, porque crianças se sujam. Na mochila, frutas, água e lenços umedecidos, porque sempre é preciso limpar o encardido das mãozinhas e o assento dos banheiros públicos. Nos pés, tênis funcionam melhor do que chinelos e sandálias nas ruas de pedra, e isso vale também para os adultos. 

Aliás, este não é um roteiro infantil, mas um programa familiar feito para respeitar também o ritmo das crianças. Nossa base era Belo Horizonte, a 95 quilômetros de distância, de onde partimos para o bate-volta por volta das 9 horas, em três carros. 

 

Varanda do Jeca Tatu, misto de museu e antiquário em Itabirito, a caminho de Ouro Preto. Foto: Mônica Nobrega/Estadão

10h: QUINQUILHARIAS E PASTÉIS 

Foi por um bom motivo que saímos de Belo Horizonte sem tomar café da manhã: o pastel de angu. Tem pastel de angu por toda a estrada depois que se sai da capital pela BR-356, como mostra a infinidade de faixas de propaganda. Mas nosso foco era o Jeca Tatu, uma casa grande com varanda e dois ônibus amarelos estacionados ao lado, no km 450 da rodovia, em Itabirito. 

O Jeca Tatu é um pouco museu, um pouco antiquário. Espalhadas pelas mesas, no chão, sobre bancos, penduradas no teto estão velharias de todo tipo. Ou seriam relíquias? Decida depois de observar capas e mais capas de discos de vinil de artistas de variadas épocas e estilos, de dar uma canelada doída numa carteira escolar, de conferir se aquela vitrola está tocando de verdade (sim, está), desviar de bicicletas, máquinas de escrever e telefones, gastar tempo olhando pôsteres e revistas, de demorar um tempo razoável para encontrar a porta do banheiro. 

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Do lado de fora, um dos ônibus amarelos é biblioteca e o outro, ateliê de artesanato. Tem ainda laguinho, chafariz, balanço e galinhas-d’angola no quintal. E um cinema que funciona de verdade, com fileiras de cadeiras da era pré-multiplex de shopping. 

No meio do caos está o café com a estufa onde os pastéis de angu nunca ficam por muito tempo. São dez sabores de recheios, por R$ 6 a R$ 8 a unidade; o da casa é o de carne com umbigo de banana (aquela ponta vermelha em formato de coração que fica pendurada na ponta do cacho, ainda na bananeira). Delicioso, supera fácil os mais convencionais, como carne, queijo e frango. Para acompanhar, sucos frescos de milho e laranja. Mesas e sofás estão na grande e fresca varanda, que acomodou tranquilamente nosso grupo grande e nossos minituristas.

-> BR-356, km 45; 31-99816-6432.

 

Salão do restaurante Tabuleiro tem vista para o Pico do Itacolomi. Foto: Mônica Nobrega/Estadão

12h: ALMOÇO COM VISTA

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Passamos direto da rotatória de acesso a Ouro Preto e seguimos pela BR-356, a Rodovia dos Inconfidentes, vendo torres de igrejas históricas à esquerda por mais 20 quilômetros até o bairro Taquaral, já a caminho da cidade de Mariana. No alto de um morro, o Restaurante Tabuleiro ocupa um lindo salão envidraçado com piso de tacos e uma varanda que dá vista para o Pico do Itacolomi. 

A comida é mineira, simples e bem feita. Aos sábados, além do serviço à la carte, há bufê self-service (R$ 48,90 o quilo). Do lado de fora, o restaurante é um achado para crianças, com campo gramado, playground e um quiosque que funciona como brinquedoteca, para onde a equipe do lugar se preocupou em levar papéis e lápis de cor. Nem precisamos pedir.

-> tabuleiroop.com.br.

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Praça Tiradentes, em frente ao Museu da Inconfidência: crianças usam espaço para correr. Foto: Mônica Nobrega/Estadão

14h30: CENTRO HISTÓRICO

Estacionamos a uns 100 metros da Praça Tiradentes, a principal. Um lugar amplo, aberto, que as crianças entenderam como “está liberado correr”. É preciso ficar de olho, porque passam carros diante do Monumento a Tiradentes, de 15 metros de altura. Na esplanada em frente ao Museu da Inconfidência, deixamos a turminha gastar energia, reposta com pipoca e bombons da loja

Chocolates Ouro Preto

, que fica ali mesmo, na praça. 

A curta caminhada até o Largo de Coimbra, em frente à Igreja de São Francisco de Assis, para crianças se torna um mundo de portas coloridas em meio a calçadas estreitas. No largo fica a feira de artesanato em pedra-sabão. Nas barracas, em meio a enfeites, espelhos, molduras, oratórios, jogos de tabuleiro e fontes, artesãos trabalham e pacientemente respondem às perguntas dos pequenos.

-> A feira funciona diariamente, das 7h às 19h.

 

Basílica de Nossa Senhora do Pilar abriga museu de arte sacra. Foto: Mônica Nobrega/Estadão

15h30: A ARTE RELUZ

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Não entramos no Museu da Inconfidência, um dos mais importantes da cidade, porque o objetivo era reservar a cota de paciência das crianças com esse tipo de visita para a Basílica Nossa Senhora do Pilar. Construída a partir da primeira metade do século 18, a igreja abriga na cripta, desde 2000, o Museu de Arte Sacra de Ouro Preto. 

Pagamos o ingresso de R$ 10 por adulto – crianças a partir de 8 anos pagam meia – e gastamos algum tempo na nave principal, cujas paredes revestidas de ouro nos detalhes esculpidos atraíram olhinhos cheios de curiosidade. Mas foram as peças do museu que mais chamaram a atenção das crianças: 400 reluzentes imagens, cruzes, cálices, mantos e outros objetos feitos entre os séculos 17 e 19.

-> Praça Monsenhor João Castilho Barbosa; (31) 3551-4736. Funciona de terça-feira a domingo, das 9h às 10h45 e do meio-dia às 16h45.

 

Vista da Fábrica de Chocolates Ouro Preto: última parada antes do retorno a Belo Horizonte. Foto: Mônica Nobrega/Estadão

17h30: LANCHE PARA TERMINAR

Na saída da Basílica, as crianças sentaram na borda da calçada. O que em “criancês” significa: alerta de cansaço e, provavelmente, fome. Assim, decidimos que a próxima – e última – parada antes da volta a Belo Horizonte seria um café com vista: a unidade da Fábrica de Chocolates Ouro Preto que fica no bairro Cabeças, no canto oeste do centro histórico. Na borda do morro, a casa antiga com paredes de tijolos aparentes tem portas em arco que deixam ver o vale e as igrejas. 

Mineiramente, enquanto lá fora o fim de tarde dava lugar à noite e a cidade acendia suas luzes, a mesa foi ficando cheia de pães de queijo, fatias de bolo, copos de suco, cafés e tortas. Tudo gostoso e sem frescura. O cremoso cappuccino especial da casa vale por um abraço. Cada um gastou de R$ 12 a R$ 15 por um petisco e uma bebida.

-> Travessa Cristo Rei, 94; (31) 3551-2931. ----> DÊ O PLAY! <---- Dicas para gestantes viajarem bem com segurança 

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