A definição de “bonito por natureza” é normalmente associada às praias, mas o Brasil terminou 2014 com jeito de estar redescobrindo seu potencial ao ar livre. Apesar de os parques naturais ainda estarem bem distantes de serem opções tão concorridas quanto a areia e o mar, ao menos dois deles podem comemorar uma visitação recorde em 2014. No Rio, o Parque Nacional da Tijuca, onde fica o Cristo Redentor, recebeu 3,1 milhões de visitantes, enquanto as cataratas do Parque Nacional do Iguaçu, em Foz do Iguaçu, chegaram a 1,5 milhão de visitantes.
São números animadores, principalmente considerando que o total de visitas turísticas a parques brasileiros saltou de 1,9 milhão, em 2006, para 6 milhões, em 2013. Mas ainda há muito a ser feito. Nos Estados Unidos, por exemplo, 282 milhões de visitantes passaram pelas portarias de 58 parques nacionais em 2014, movimentando US$ 14,6 bilhões, além de 252 mil empregos.
O Brasil tem hoje 71 parques nacionais, patrimônio natural considerado o de maior potencial turístico em um ranking com outras140 nações feito pelo Fórum Econômico Mundial, capaz de movimentar R$ 1,6 bilhão por ano. Embora haja dificuldades de infraestrutura, boa parte delas têm novidades, ainda que tímidas, para atrair mais visitantes (leia mais abaixo).
Contudo, distribuir a demanda ainda é um desafio. “Os parques nacionais não fazem parte do imaginário brasileiro. Cerca de 90% das visitações vêm de dois deles, o do Iguaçu e o da Tijuca. Porém, não é uma real visitação aos parques, mas aos atrativos Cristo e Cataratas”, acredita Ana Luisa da Riva, diretora do Instituto Semeia, que estuda formas de aperfeiçoar a gestão de áreas protegidas.
Desde 2013, o Ministério do Turismo e o Instituto Chico Mendes (ICMBio), órgão do Ministério do Meio Ambiente que gerencia os parques, realizam em 12 deles ações de integração com o entorno, em parceria com o Sebrae. “Temos áreas protegidas que não conseguimos converter em frutos turísticos. Precisamos abrir para o investimento privado, aumentar o fluxo de visitantes, mas manter o processo de proteção”, diz o ministro do Turismo, Vinicius Lages.
Para Sergio Brant, diretor de criação e manejo de unidades de conservação do ICMBio, as iniciativas de concessões nos moldes dos parques da Tijuca, Iguaçu e Fernando de Noronha – geridas pelo mesmo grupo – são referências, mas é preciso incentivar investidores menores. “O que estamos desenvolvendo são cooperações que se adaptem a parques de todos os tamanhos”, explica.