Pequeno guia contra a alta do dólar

O câmbio desfavorável atrapalha os planos de quem quer alçar vôo; veja como driblar a crise sem deixar de viajar

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Por Camila Anauate
Atualização:

Diante da rápida valorização do dólar, é inevitável que o viajante sinta alguma dose de insegurança. Se a idéia for cruzar a fronteira, então, as dúvidas se multiplicam. Mas nada de pânico: para ajudar você a enfrentar essa turbulência fora do sofá de casa, preparamos um pequeno guia de sobrevivência. A seguir, você encontra dicas para manter as finanças em dia durante as viagens e sugestões de lugares incríveis - com pacotes cotados em reais. Além de um raio X do setor turístico brasileiro, que já começa a apresentar algumas dificuldades. "As pessoas estão esperando para comprar a viagem", afirma o presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagem (Abav), Carlos Alberto Amorim Ferreira. "Um roteiro cotado há duas semanas hoje está cerca de 40% mais caro." Essa justificada prudência praticamente paralisou a venda de pacotes para o exterior. Se a moeda americana continuar em alta, a tendência é de queda na procura por destinos internacionais. "É cedo para prever as conseqüências exatas porque o mercado está tumultuado. Mas esperamos que a crise não dure muito." Enquanto isso, o turismo doméstico pode virar a grande alternativa para as férias. "Quando o dólar caiu, nossos turistas deixaram o Brasil para ir ao exterior. Agora, deve ocorrer o efeito contrário", diz Ferreira. O presidente da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa), José Eduardo Barbosa, também aposta na procura pelos destinos nacionais. Ele lembra, porém, que a alta do dólar (acredite ou não) pode motivar o surgimento de oportunidades para os viajantes. Isso porque agências especializadas em pacotes para o exterior às vezes resolvem apostar em novas estratégias de venda. "Os resorts de Cancún, por exemplo, estão fazendo promoções porque os americanos já estão viajando menos", conta Barbosa. "Em Nova York, vários hotéis reduziram o valor da diária pela metade." O mercado de cruzeiros também começou a sentir os reflexos da crise, apesar de continuar prevendo crescimento na temporada, que começou neste mês e segue até abril. "A preocupação maior é com os pacotes para depois do réveillon", afirma o presidente da Associação Brasileira de Representantes de Empresas Marítimas (Abremar), Eduardo Nascimento. A gerente de Vendas e Marketing da Costa Cruzeiros, Claudia Del Valle, comprova a queda de 30% nos últimos 15 dias. "Reservas são feitas, mas os pagamentos, não." VALORIZE SEUS REAIS NOVA YORK: o destino é um sonho de consumo. Mas os US$ 1.800(cerca de R$ 4.300) gastos em 4 noites na cidade são suficientes para comprar três cobiçados pacotes nacionais: 4 noites em Natal, 4 em Bonito e outras 4 na histórica Minas. Confira as contas. E as sugestões. BONITO (MS): o pacote que inclui bilhete aéreo e hospedagem custa cerca de R$ 2 mil. O contato com a natureza é garantido: você verá fartos cardumes enquanto flutua em rios cristalinos. NATAL (RN): separe roupa de banho e óculos escuros para arrasar na capital potiguar. Com sol o ano todo, praias, dunas e noite agitada, a cidade é bem concorrida. Pacote com aéreo e hospedagem custa R$ 1.400. CUIDADOS COM O BOLSO A economia mundial está agitada, é verdade, mas os viajantes devem evitar o desânimo. Especialistas apostam que essa fase ruim é temporária e o dólar deve voltar a um patamar mais razoável, entre R$ 1,90 e R$ 2,10. O cenário só é realmente desfavorável para quem tem viagem marcada para as próximas três semanas, período em que novas altas podem ocorrer. "Nesse caso, seria melhor reconsiderar os planos", diz o economista Alexandre Chaia, do Ibmec-SP. AINDA VOU: a situação hoje é bem clara: não compre dólar. "O movimento especulativo leva a moeda lá para cima", explica Chaia. A dica para quem tem planos de ir ao exterior é postergar ao máximo a compra do dólar, seja em espécie, em cheque de viagem ou em cartão pré-pago. "O turista pode colocar as despesas no cartão de crédito para ganhar tempo", diz o pesquisador da Unicamp, Giuliano Contento de Oliveira. Desde que as previsões otimistas se concretizem, é claro. JÁ VOLTEI: a fatura do cartão de crédito chegará a qualquer momento e o estrago está feito. "Pague o quanto antes", recomenda Oliveira. Até vale adiantar a data da fatura para um dia em que o dólar estiver em queda. Segundo o manual da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), a taxa de conversão válida é a vigente no dia do pagamento. Evite a opção de usar o rotativo, em que parte da dívida vai para o mês seguinte - e aumenta por causa dos juros.

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