Perón e Evita pelos cafés de Buenos Aires

Objetos referentes ao casal mais emblemático da política argentina decoram bares

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Por Ariel Palacios e CORRESPONDENTE EM BUENOS AIRES
Atualização:

Ao invés de quadros, as paredes ostentam palavras de apoio ao presidente argentino Juan Domingo Perón (1895-1964). Em outro ponto, repousa a foto da mulher do general, Eva Duarte Perón - Evita (1919-1952) -, cercada de flores e bilhetinhos. O peronismo está presente em todos os cantos do recém-inaugurado Perón-Perón Restó Bar. Mas ele não é o único: diversos bares, cafés e restaurantes de Buenos Aires adotaram como tema o movimento político que embala a sociedade argentina há 65 anos.

 

 

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Os peronistas não gostam da comparação, mas os colunistas gastronômicos portenhos indicam que estes estabelecimentos são uma espécie de "Hard Rock Café" do Peronismo. A decoração conta com fotografias, documentos, pôsteres e objetos pessoais do casal superstar da ideologia, que engloba a esquerda, o centro e a direita. Frequentados por militantes e integrantes do governo, os lugares começaram a ser visitados também pelos turistas.

 

O Perón-Perón Restó Bar acumula uma série de objetos referentes a Perón. Enquanto saboreia pratos de nomes relativos ao peronismo (ou de opções irônicas sobre os inimigos do movimento), o cliente ouve música lounge, ocasionalmente interrompida por discursos de Evita. Além de vender estatuetas do general e camisetas temáticas, o bar tem elementos referentes a Cristina Kirchner, a atual peronista no comando do país.

 

Quem entra no Um Café com Perón, na Recoleta, depara-se com o próprio Perón tomando um cafezinho entre uma pausa e outra do exercício do poder. A estátua do El Conductor, em tamanho natural, surpreende pelo realismo. O café é decorado com fotografias e objetos de época. Na lojinha, lembranças de Juan e Eva Perón.

 

Ao lado da casa está a Biblioteca Nacional, em cujo terreno, até 1955, ficava o Palácio Unzué, residência presidencial onde morreu Evita. No lugar onde hoje funciona o café viviam os mordomos que serviam o presidente - foi a única construção que permaneceu intacta. Os militares que derrubaram Perón nos anos 1950 ordenaram a destruição do palácio, pois queriam evitar que o lugar se transformasse em ponto de peregrinação.

 

Pioneiro. O pioneiro dos temáticos peronistas foi o restaurante El General, fundado em 2005 no bairro de Monserrat. Seguindo a multiplicidade de correntes internas do movimento fundado por Perón, os quatro donos dividiam-se entre duhaldistas e kirchnerinistas. As divergências, contudo, refletiram nas finanças do restaurante, que afundou em um mar de dívidas. Mas os trabalhadores formaram uma cooperativa e recriaram o espaço, hoje na Avenida Belgrano 350.

 

O prato principal da casa é o substancial pastel de papas, equivalente argentino à torta madalena, o prato preferido de Perón. Outra especialidade é o bife de chorizo feito com vinho malbec.

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O restaurante é frequentado por líderes sindicais, secretários de Estado e parlamentares. Durante o almoço, o ambiente é embalado pela Marcha Peronista. Nesse momento, os clientes levantam de suas cadeiras e entoam a emblemática melodia.

 

 

SAIBA MAIS

 

Como ir: A passagem aérea entre São Paulo e Buenos Aires, ida e volta, custa a partir de R$ 342,58 na Gol (0300-115- 2121; www.voegol.com.br), R$ 618,26 na TAM (4002-5700; www.tam.com.br), R$ 670,19 na Aerolineas Argentinas (0800-707- 313;

www.aerolineas.com.ar) e R$ 679,19 na Lan (0300-788-0045; www.lan.com). Voos diretos.

 

El General: Avenida Belgrano, 350, Monserrat. Telefone: (54-11) 4343-7601

 

Perón Perón: Rua Carranza, 2.225, Palermo Hollywood. Telefone: (54-11) 4777-6194

 

Un café com Perón: Rua Áustria, 2.601, Recoleta. Telefone: (54-11) 4802-8010

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