Plantações e vilas até a linha do horizonte

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Por Paulo Saldaña
Atualização:

Se no Douro os morros íngremes formam o cenário, no Alentejo são as planícies que ocultam os segredos dessa região de poucos habitantes. O que se encontra pelas estradas é um relevo uniforme, com uma variação de cores menos fortes do que no norte, mas num horizonte mais amplo e infinito. A imensidão de regiões cultivadas, espaçadas de pequenos vilarejos e castelos, ocupa quase um terço do território português, ao sul do Rio Tejo. Há produção de cereais e cortiça, tirada dos pés de sobreiro. Pinheiros, pés de amora e laranja também aparecem, mas são as uvas e azeitonas os destaques dessa área de clima implacável, no verão ou inverno. A região tem áreas demarcadas de produção de vinho, como várias outras de Portugal. A ideia é manter o mesmo padrão de qualidade com matéria-prima e técnica tradicionalmente locais. Por muitos anos, a pobreza e a culinária rústica refletiam na qualidade da bebida. Considerava-se que a produção era só para vinhos da casa de restaurantes. Mas isso mudou. O Alentejo produz há pelo menos 10 anos alguns dos melhores rótulos de Portugal. A identidade cultural ali se confunde com a paisagem sem sombra e a arquitetura de influência mourisca, mas a gastronomia fala alto nesse mosaico. Apesar do calor, sopas são uma das marcas da culinária. A açorda leva azeite, coentro, pão embebido e um ovo frito por cima. O borrego (ovelha) tem quase tantas variedades de receita quanto o bacalhau.

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