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Por um Uber das vans

Por Ricardo Freire
Atualização:
Jericoacoara: uma das poucas com transporte público desde o aeroporto Foto: Ricardo Freire/Estadão

Três vezes por dia, um ônibus da Fretcar, fazendo a rota Fortaleza-Jijoca, passa pelo Aeroporto Internacional Pinto Martins. A passagem custa entre R$ 52 e R$ 70, dependendo do horário, e inclui o transbordo a uma jardineira que faz o percurso final entre Jijoca e Jericoacoara. Os bilhetes podem ser comprados online, por telefone (85-3402-2244), na agência da viação no saguão do aeroporto ou mesmo no totem de autoatendimento. A existência dessa rota, que em sete horas leva o viajante de Fortaleza a Jeri, não impede que haja um próspero mercado de transfer privado em jipes 4x4, que fazem o trajeto em 5 horas, cobram entre R$ 500 e R$ 600 por viagem e são agenciados pelas pousadas. Jericoacoara é a exceção. Na imensa maioria dos destinos turísticos fora das capitais, não existe transporte público desde o aeroporto. Se você não comprou pacote de operadora com traslado incluído, ou vai precisar alugar carro, ou vai cacifar um transfer caríssimo.  Em alguns lugares, o transporte público até existe, mas é precário ou escondido. O ônibus que passa (diversas vezes ao dia) no aeroporto do Recife com destino a Porto de Galinhas nunca usa a nova estrada expressa, que diminuiu pela metade o tempo de viagem. Mas ao continuar usando o trajeto antigo, passando lentamente por Ipojuca e Nossa Senhora do Ó, o ônibus não prejudica o negócio dos taxistas e dos operadores de transfers. O aeroporto de Salvador tem uma pequena rodoviária de onde saem o ônibus que percorre toda a orla até a Praça da Sé, o ônibus que vai ao terminal de ferryboat de São Joaquim e, duas vezes por dia, um ônibus que vai à Praia do Forte. Mas quem diz que existe alguma sinalização para o turista descobrir que isso existe? O que os governos, os taxistas e as agências de turismo receptivo não entendem é que a existência de bom transporte público entre aeroportos, os centros das cidades e as cidades turísticas próximas não atrapalharia o mercado que existe hoje. A facilidade de traslado traria um novo público – gente que compra passagem aérea em promoção, que escolhe pousada e hotel pela internet e que não acha razoável pagar R$ 300 por traslado de Maceió a Maragogi ou de Natal a Pipa. Mas são pessoas que, uma vez no destino, usarão esse dinheiro para fazer outros passeios e consumir localmente.  Daqui a pouco vai aparecer o Uber das vans – e daí não digam que não avisei.

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